Artius é o nome do jogo que o desenvolvedor de games Pedro Victor Gonçalves, 21, está criando desde 2022. A proposta tem a peculiaridade de levar ao mundo gamer uma reinterpretação, semelhante ao cartum, do patrimônio edificado de Pelotas. Entre saltos, corridas, explosões e tarefas que parecem impossíveis, os personagens passeiam por cenários conhecidos, como as fachadas do Mercado Central, da Bibliotheca Pública Pelotense e do paço municipal, entre outros.

Pedro Gonçalves criador do projeto (Foto: Ana Claudia Dias)
Na história criada por Gonçalves, estudantes universitários se unem para defender a cidade de Rupestrina de um grande mal: a extinção das artes. No enredo, os artistas estão na fase final da graduação, quando um colega mesquinho e invejoso, chamado Pivolo, que é reprovado, aproveita a desconfiança da comunidade para colocar a população contra todos que têm um fazer artístico.
“Aí os protagonistas precisam mostrar que a arte tem seu valor e que o problema vem de outras questões”, explica Gonçalves. No game os oito protagonistas usam seus poderes especiais para vencer o mal.
Os dotes artísticos destes heróis sem capa envolvem a música, a pintura, a literatura, a fotografia, a dança, o cinema, a escultura e a arquitetura. “Tem várias fases do jogo que são baseadas nos cenários aqui de Pelotas. Tem o Brilliant Club, que é o clube Brilhante, por exemplo”, antecipa.
Uma curiosidade é que o edifício da faculdade de artes do game é inspirado no antigo prédio da Escola de Agronomia Eliseu Maciel, que fica em frente ao Mercado Central e atualmente abriga o Museu de Arte Contemporânea Leopoldo Gotuzzo (Malg/UFPel).
Ainda na infância
Desde criança, Gonçalves gostava de desenhar e de games e ainda na infância juntou as duas paixões criando animações e protótipos de jogos, a partir de tutoriais na internet. “Eu adorava, era como se desse para brincar com meus desenhos, num mundo digital. Desde então fiquei super engajado e sempre foi um sonho desenvolver um jogo profissionalmente”, conta.
Este é o primeiro game desenvolvido pelo pelotense de forma original, desde a concepção da ideia inicial. “Esse é o meu primeiro grande projeto, como diretor de um produto comercial, mas, claro, tive que passar por muita coisa pra aprender”, conta.
Pedro Gonçalves trabalhou para uma empresa norte-americana, atuando como programador do jogo Antonblast, que foi lançado no ano passado. “Me deu muita experiência de como trabalhar em equipe”, fala. Além disso, fez, aos 16 anos, um jogo gratuito alicerçado na história do cantor Ednaldo Pereira, da Paraíba.
Trabalho de equipe
Além de Gonçalves, mais cinco pessoas, dois deles são músicos e a maioria brasileiros, estão juntos com o pelotense, formando a equipe de produção do jogo. Inclusive um norte-americano, que trabalha as composições originais. Recentemente uma editora chinesa, a Indiarch, associou-se ao projeto e vai lançar o game no próximo ano. Pedro Gonçalves conta que passou por um grande período com o material de apresentação do projeto, tentando convencer apoiadores de como este poderia ser um jogo rentável.
“Além de tudo ele é um produto, passei por muito tempo com esse projeto como um hobby. De fato ele é meu hobby desde 2022, nunca pode ser meu foco. Esse ano esse parceiro chinês foi uma das empresas que viu meu e-mail e ao invés de dizer não ou ignorar, disse: ‘existe alguma coisa aqui’”, conta o pelotense. Essa negociação tomou muitas noites de sono de Gonçalves e gerou muita ansiedade, confessa.
Expansão
A expectativa do jovem agora é, além de lançar o jogo, também expandir a proposta. Em um primeiro momento o Articus será lançado apenas para computador, posteriormente será adaptado para videogames, telefones e tablets. “Espero que expanda”, diz.
A grande dificuldade, segundo o desenvolvedor, era fazer com que outras pessoas do mundo todo, que vão jogar o Artius também se sentissem em casa, quando olhassem os cenários. “As pessoas têm de sentir uma sensação de conforto na cidade, transformar a experiência em alguma coisa caseira e acessível”, fala. O game poderá ser jogado por toda da família.