Na última semana, Rio Grande passou a contar com um espaço pioneiro, dentro de um dos shoppings da cidade, dedicado ao acolhimento e atendimento de mulheres vítimas de violência doméstica. A chamada loja Rosa Lilás é uma iniciativa promovida pela Patrulha Maria da Penha do 6º BPM da Brigada Militar, idealizada pela soldado Giovana Duarte, onde são distribuídos gratuitamente itens de higiene pessoal, cosméticos e roupas doadas pela comunidade. O espaço funciona todos os dias, das 10h às 22h.
A inauguração da Loja Rosa Lilás foi um sucesso de público. O que isso significa para a iniciativa e para a Patrulha?
O espaço da loja foi cedido pelo shopping Praça Rio Grande e foi um movimento que toda a sociedade abraçou. A loja ficou linda e, além de ser um espaço onde a vítima pode adquirir todos os produtos que precisar de forma gratuita, ela também pode recorrer ao espaço para ser direcionada aos apoiadores da rede, ser acolhida em sua necessidade e ficar forte novamente. Esperamos que essa ideia se espalhe pela Zona Sul, nós estamos disponíveis para mostrar como funciona a rede e como funciona o espaço. A loja Rosa Lilás foi pensada para que a mulher se reconecte com o seu ‘eu’ do passado e volte à florir.
Como é desenvolvido o trabalho da Patrulha Maria da Penha em Rio Grande?
Normalmente, o trabalho da Patrulha Maria da Penha é fiscalizar as medidas protetivas, sendo os “olhos do judiciário”, até para ver se estão sendo cumpridas. Só que lá a gente faz um trabalho bem além. Nós, no momento emergencial, levamos cestas básicas do Banco de Alimentos e fraldas, para aquelas mulheres vítimas de violência e que estão em situação de vulnerabilidade social. Eu sou a soldado que bate à porta para fiscalizar, então, quando chegamos lá e visualizamos as carências e as necessidades, não tem como a gente ficar de braços cruzados e não fazer além do que é o nosso serviço.
Qual a importância da rede de acolhimento das mulheres vítimas de violência da cidade?
Cerca de 95% das mulheres atendidas precisam de apoio psicológico e isso nós conseguimos através do trabalho conjunto com clínicas e psicólogas parceiras. Para romper o ciclo de violência, a mulher precisa de muito suporte. Além dos parceiros que já temos na rede de acolhimento destas vítimas, estamos sempre abertos para que novos parceiros façam parte. Em Rio Grande nós trabalhamos dessa forma [rede], há muito tempo, e temos um judiciário muito eficiente onde conseguimos mandados de prisão em menos de 24h, exatamente por nossa comunicação ser muito efetiva.
Quais os suportes que essa mulher consegue através da Patrulha em Rio Grande?
Nós acreditamos que a mulher só consegue romper o ciclo da violência se ela tiver acolhimento, em primeiro lugar, e depois a fiscalização. A violência doméstica está atrelada a qualquer classe social, tendo mulheres que podem não precisar do suporte financeiro, mas precisam do emocional e vice-versa, além de casos que ela precisa de ambos. Lá também conseguimos encaminhar essa vítima para vagas de emprego, podendo retomar sua autonomia financeira. Muitas das ocorrências de Maria da Penha que atendemos são de mães que sofrem a violência por parte dos seus filhos e isso é pouco falado. Essas mulheres, em especial, precisam de um suporte psicológico muito grande, pois é algo para além do relacionamento, eu não deixo de me emocionar todas as vezes que vou atender essas mulheres.