O anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, da taxação de 50% sobre produtos brasileiros tornou-se um componente incendiário na disputa ideológica do Brasil e foi vista pelo governador Eduardo Leite (PSD) como uma oportunidade de se apresentar como uma alternativa de terceira via para as eleições de 2026.
Enquanto a medida de Trump representa um golpe à economia brasileira e fragiliza a base bolsonarista, cobrando uma resposta do governo brasileiro de Lula (PT), o governador gaúcho, que é pré-candidato à presidência, tem apostado em um discurso antipolarização.
Na semana passada, Leite publicou um vídeo no Instagram em que diz que é “inimigo da polarização porque a polarização é inimiga do Brasil”. No vídeo, Leite criticou tanto Bolsonaro (PL) quanto Lula. “Não é possível que um campo político, por pura ideologia, não dialogue com um dos nossos principais parceiros comerciais. Não é possível que outro campo político, por pura ideologia, articule mecanismos para prejudicar o próprio país”, disse no vídeo.
Nesta segunda-feira, em conversa com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), para o jornal O Globo, Leite classificou a conduta do deputado Eduardo Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente e defensor do tarifaço, como “inadmissível e imperdoável”.
Naturalmente, a posição colocou o governador no centro das críticas, tanto da direita quanto da esquerda. Acusado de ‘isentão’, porém, Leite parece buscar o diálogo com uma parcela importante do eleitorado que não se sente representada nem por Lula nem por Bolsonaro.
A pesquisa Genial/Quaest divulgada neste mês mostra que 44% têm medo de que Bolsonaro volte, enquanto 41% temem que Lula continue. É com esse público que Eduardo Leite tenta falar.
Por enquanto, a estratégia parece estar dando certo: o vídeo publicado no Instagram já acumula mais de 6,5 milhões de visualizações – ficando atrás apenas de um vídeo publicado durante a tragédia de maio de 2024. Segundo a plataforma Social Blade, Leite ganhou 22 mil seguidores somente na semana passada.
A 14 meses da eleição, porém, é difícil saber se esse discurso terá efeito nas urnas e se Leite conseguirá se estabelecer como um candidato viável antipolarização.