Presidente do Sindicato Rural de Pelotas e ex-presidente da Associação Rural de Pelotas, Augusto Rassier, afirma que produzir ficou mais caro e quem tem pago essa conta é o produtor – pequeno e grande – e o consumidor. Com a sequência de crises climáticas no Estado e o momento de instabilidade no exterior, ele afirma que hoje o mercado do agronegócio tem sofrido com a falta de previsibilidade, o que gera a oscilação de preços.
Ele participou no programa Debate Regional, da Rádio Pelotense, onde defendeu, ainda, um caminho alternativo à polarização política no país, dizendo que isso também traz instabilidade ao mercado e não representa o agronegócio, apesar de reconhecer um alinhamento à direita de boa parte do setor. No entanto, vê que a categoria se tornou um ativo político e cobra que haja mais comunicação direta com a sociedade. “De um lado, tem uma linha de pensamento que fomenta esse tarifaço dos Estados Unidos. Do outro lado, a gente tem uma linha ideológica que tem dificuldade de negociar com os Estados Unidos.”
Um dos pontos citados por Rassier é a polêmica da securitização. Para ele, falta compreensão de que isso não é um perdão de dívida. “Acho que é bom para o setor e bom para a sociedade”, aponta, dizendo que há pelo menos quatro anos o agronegócio sofre com sequências de estiagem ou enchentes. Ele avalia que um setor que gera emprego, impostos, produz alimentos, exporta e consome precisa de ajuda, mas que isso não significa ser bancado. “Ele não quer pedir perdão. Essa conta vai ser paga”.
Oscilação de preços
As guerras externas também preocupam o agro gaúcho. Rassier cita que a escalada bélica entre Israel e Irã fez o preço da ureia subir em 30%, impactando diretamente no plantio de pastagens de inverno, que são usadas para alimentar o gado, e do arroz. Com o tarifaço imposto por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, ao Brasil, o preço da carne também será impactado, afetando todas as pontas da cadeia. “É um momento de instabilidade. O consumidor vê uma alternância de preço muito grande por questões do mercado.”
Além do arroz e da carne, a soja, celulose e tabaco também preocupam, já que a precificação já está sendo impactada. “O tarifaço nem entrou em vigor e o preço já começou a cair com a perspectiva de que não vá vender”.