“Meu olhar artístico me ajuda a perceber histórias, afetos e memórias nos espaços”

Abre Aspas

“Meu olhar artístico me ajuda a perceber histórias, afetos e memórias nos espaços”

Wellington Müller Kruchadt - Estudante de Arquitetura e artista visual

Por

Atualizado quinta-feira,
24 de Julho de 2025 às 10:27

“Meu olhar artístico me ajuda a perceber histórias, afetos e memórias nos espaços”
Artista pinta aquarelas de prédios como hobby (Foto: Acervo pessoal)

Técnico em edificações e arquiteto em formação, Wellington Kruchadt está habituado a trabalhar com criatividade, arte e urbanismo. Mas foi com as tintas que ele descobriu uma nova vocação e uma forma de valorizar a arquitetura de Pelotas. O artista visual começou a pintar aquarelas de prédios históricos da cidade como um hobby durante a pandemia, mas logo foi motivado a continuar pelas pessoas que o acompanhavam nas redes sociais. As fotos de algumas obras estão disponíveis no perfil do Instagram @wmkaquarelas.

As obras foram reunidas em exposições, como a intitulada O que escapa ao olhar, com imagens detalhadas de edificações e outros elementos que compõem a paisagem da cidade.

Como surgiu o interesse pela arte? E como chegou na aquarela?
Desde criança, sempre gostei de pintar, especialmente criar histórias em quadrinhos. Eram desenhos simples, mas já era uma forma de expressar minha imaginação. A arte sempre esteve presente de forma espontânea no meu dia a dia. Durante a faculdade de Arquitetura, esse contato se intensificou: muitas disciplinas envolviam colagens, representações gráficas e o estudo do trabalho de artistas. Mas foi durante a pandemia que a aquarela entrou na minha vida.

Comecei a pintar em casa com o que tinha à disposição, inclusive usando café diluído para experimentar texturas e tonalidades. A forma como a aquarela flui, sem controle total da água, me encantou. Um erro pode se transformar em algo esteticamente bonito. Isso me fez entender que as coisas não precisam ser exatas para serem belas, há liberdade e poesia nesse processo.

Quando comecei a compartilhar meus trabalhos nas redes sociais, as pessoas se identificaram, muitas vezes por memórias afetivas relacionadas aos lugares retratados, e isso me motivou a continuar.

Como você acredita que pode inserir essa criação de arte no teu trabalho como arquiteto?
Acredito que arte e arquitetura se cruzam naturalmente. Ambas envolvem sensibilidade, criatividade e uma escuta atenta do mundo à nossa volta. Meu olhar artístico me ajuda a perceber histórias, afetos e memórias nos espaços. Como arquiteto, isso me permite projetar com mais empatia, imaginando lugares que toquem emocionalmente quem os habita. A aquarela, nesse sentido, se torna uma extensão do próprio projeto, uma maneira poética e sensível de visualizar e comunicar ideias, tornando-as mais acessíveis e compreensíveis para todos.

Quando e como surgiu a ideia de pintar os prédios históricos de Pelotas?
Sempre fui muito apaixonado pelos prédios históricos de Pelotas. Em diversas disciplinas da faculdade, estudamos o estilo eclético e o patrimônio arquitetônico da cidade, e isso despertou ainda mais meu interesse. Pintar esses prédios foi uma forma de registrar e valorizar nossa história. Mas aos poucos percebi que havia algo ainda mais forte nisso: as pessoas começavam a me pedir pinturas de locais que marcaram suas vidas, casas de avós, de infância, de família, e essas encomendas passaram a carregar muito mais do que arquitetura. São memórias, afetos, homenagens. As aquarelas se tornaram presentes significativos, recordações visuais de momentos e lugares especiais. E isso, para mim, é o mais bonito: tocar as pessoas através dos lugares que elas carregam no coração.

Acompanhe
nossas
redes sociais