A Ecovix não está mais em recuperação judicial. A juíza Fabiana Gaier Baldino, da 2ª Vara Cível de Rio Grande, deu aval ao pedido para encerramento da recuperação judicial, consolidando o processo de retomada responsável da companhia, que é proprietária do Estaleiro Rio Grande.
Na sentença, a magistrada disse entender que “que o processo está apto ao encerramento judicial, a fim de permitir que o Grupo Ecovix, após superadas as dificuldades, retorne ao mercado de forma independente, consolidando, assim, o seu equilíbrio financeiro com maior celeridade e segurança.”
A juíza também destaca que o término da recuperação revela que “o objetivo maior previsto em lei foi alcançado”, ou seja, viabilizar a situação de crise, “a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica”, como diz o art. 47 da Lei nº 11.101/2005.
O Ministério Público também foi favorável ao levantamento da recuperação, concluindo que houve o cumprimento das obrigações previstas no plano e manifestando-se pelo encerramento do processo – que durou quase dez anos.
“É um grande marco para a Ecovix. Foram anos de muito trabalho para chegarmos até aqui, sempre de maneira muito responsável. O dia de hoje é um novo e grande passo para a empresa, e que trará muitas novas oportunidades. Temos uma estrutura moderna e capaz de atender parceiros de todo o mundo na indústria naval”, celebra José Antunes Sobrinho, acionista da empresa.
A Ecovix entrou em recuperação judicial em 2016, após uma crise do setor naval e o encerramento de contratos para construção de embarcações, gerando um passivo de R$ 6 bilhões. Dois anos depois, o plano de recuperação foi aprovado pelos credores – e os compromissos estabelecidos seguirão sendo cumpridos.
De olho nas oportunidades
O encerramento da recuperação judicial reposiciona a empresa no mercado, facilitando o acesso a crédito, a seguros e a novos clientes. A avaliação interna é de que a conclusão bem-sucedida fortalece a imagem institucional da Ecovix, melhora suas condições comerciais junto a instituições financeiras e abre caminho para novas oportunidades.
Enquanto prepara o Estaleiro para construir os navios Handy, que gerarão cerca de 1,4 mil empregos no pico da operação, a gestão afirma que está atenta ao mercado para buscar novas possibilidades de negócios. A empresa projeta a participação em novos editais da Transpetro e Petrobras, assim como a parceria com outros players do mercado.
“A Bacia de Pelotas, por exemplo, tem potencial para dobrar a produção brasileira de petróleo. E pela proximidade, podemos ser um ponto estratégico para diversas operações na exploração dessas áreas”, avalia Antunes.
Retomada
A partir da aprovação do plano, a Ecovix afirma que buscou diversificar suas atividades, mantendo as estruturas do Estaleiro – que possui o maior dique seco da América Latina – em operação. Em 2021, recebeu o Siem Helix I, navio de estimulação de poços que atua na Bacia de Campos, para reparos. Em quatro anos, foram 25 embarcações que passaram por esse tipo de serviço no local, movimentando centenas de empregos.
Outro marco foi a chegada da plataforma P-32 ao dique seco da Ecovix, em dezembro de 2023. A Ecovix foi contratada pela Gerdau para desmantelar a embarcação, em um novo modelo de destinação sustentável promovido pela Petrobras.
Em fevereiro deste ano, houve a assinatura, em cerimônia com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do contrato com a Transpetro para a construção de quatro navios de classe Handy, de 15 a 18 mil toneladas de porte bruto (TPB). Os trabalhos levarão em torno de três anos e devem começar neste semestre, em um investimento de US$ 278 milhões, com execução em Rio Grande.