Pecuaristas da Região Sul observam com preocupação taxação dos EUA

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Pecuaristas da Região Sul observam com preocupação taxação dos EUA

Tarifa de 50% imposta por Donald Trump passa a valer a partir de 1º de agosto

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Pecuaristas da Região Sul observam com preocupação taxação dos EUA
Transferência do excedente nacional pode prejudicar mercado do RS (Foto: Armindo Barth Neto)

A taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre a carne brasileira causa apreensão entre os pecuaristas da Região Sul. Embora o Rio Grande do Sul não tenha participação expressiva no volume total das exportações brasileiras, produtores preveem uma possível transferência do excedente do mercado nacional para o mercado gaúcho.

No ano passado, o país exportou aos Estados Unidos cerca de 12% da sua produção. A China segue como o principal destino da carne brasileira, sendo responsável por 45% das compras. São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul lideram as exportações para os EUA.

Para o presidente da Associação Rural de Pelotas (ARP), José Luiz Kessler, a tarifa de 50% deverá impactar o mercado brasileiro. “No ano passado, os americanos importaram 180 mil toneladas de carne bovina do Brasil”, comenta. A principal preocupação é que os excedentes deixem o mercado nacional mais pressionado, atingindo o setor gaúcho.
“Isso deve afetar os preços do único segmento que estava em recuperação entre as commodities produzidas no Rio Grande do Sul”, avalia Kessler. Ele acredita que, com a taxação imposta ao Brasil, países como Argentina e Austrália devem ser beneficiados, já que a carne brasileira tende a perder competitividade.

Na visão do diretor do Frigorífico Coqueiro, Luiz Roberto Saalfeld, os frigoríficos já estão sendo pressionados com a chegada de carnes mais baratas do Centro-Oeste, o que tem reduzido as compras de gado. “Acredito que os produtores da Região Sul sofrerão menos que os de outros estados, já que nossa carne tem perfil mais próximo da argentina e da uruguaia”, comenta.

O mercado da carne bovina desacelerou nos últimos dias. O foco está na avaliação dos impactos da nova tarifa, segundo Kessler. Uma das alternativas, destaca o presidente da ARP, será redirecionar o volume exportado para outros mercados, com o desafio de manter os preços atuais.

Saalfeld, que retornou recentemente dos Estados Unidos, acredita que as tarifas poderão ser revistas, diante da escassez de carne para abastecer a população americana. “No meu ponto de vista, isso é mais um terrorismo contra o produtor”, afirma.

Segundo ele, caso a tarifa entre em vigor, as exportações para a China e outros mercados devem crescer. “O preço da arroba pode cair no curto prazo, mas há uma escassez global de carne bovina e a procura por carne premium está aumentando”, explica.

Momento Positivo

Segundo o Beef Report 2024, o mercado brasileiro de carne vinha em um bom momento. No ano passado, o Brasil exportou 2,89 milhões de toneladas de carne bovina, um novo recorde de volume, superando os resultados dos dois anos anteriores. A proteína brasileira chegou a 157 mercados internacionais. Em faturamento, as exportações somaram US$ 12,8 bilhões, o segundo maior resultado da série histórica, com crescimento de 22% em relação a 2023.

De acordo com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, dados da Secex indicam que, em junho, o volume adquirido pelos Estados Unidos foi o menor desde dezembro do ano passado. Ainda assim, o total exportado pelo Brasil teve o segundo melhor resultado do ano, com cerca de 270 mil toneladas.

Em março e abril, empresas norte-americanas compraram volumes recordes — acima de 40 mil toneladas por mês —, em um possível movimento de formação de estoques, diante da expectativa de que o então presidente Donald Trump aumentaria as tarifas de importação.

 

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