O Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) enfrenta um cenário de restrições orçamentárias que impactam diretamente a manutenção e o crescimento da instituição. O orçamento atual, na faixa de R$ 10 a 11 milhões anuais para o campus Pelotas, é insuficiente até mesmo para cobrir os custos básicos de funcionamento, como água, luz, limpeza e vigilância.
Apesar de anúncios de recomposição orçamentária por parte do governo federal – como os R$ 3,9 bilhões previstos no Novo PAC e a liberação de verbas retidas – a situação financeira ainda é delicada, segundo o diretor do campus, Rafael Krolow. Em 2015, o campus Pelotas contava com um orçamento de até R$ 16 milhões, valor significativamente superior ao que é praticado hoje. “A gente já começa o ano sabendo que será preciso correr atrás de recursos extras para manter a estrutura funcionando”, afirma.
Conforme aponta o reitor do IFSul, Carlos Corrêa, a falta de recursos para investimento obriga a gestão a adotar manobras constantes para fechar as contas, dificultando a ampliação de cursos e a modernização da infraestrutura. “Hoje não vem praticamente nada para investimento. Fechamos o ano sempre com dificuldade e temos que fazer manobras para encerrar as contas no zero a zero”, lamenta.
Evasão escolar em Pelotas
A evasão escolar é um problema real e multifatorial. Krolow diz que muitos estudantes deixam os cursos por questões econômicas, necessidade de trabalhar ou dificuldades pedagógicas, e cita: “Temos alunos de mais de 20 municípios da região, muitos em situação de vulnerabilidade”. Para isso, o campus conta com políticas de assistência estudantil e um setor específico dedicado à permanência e ao êxito, com psicólogos, assistentes sociais e apoio pedagógico.
Próximos quatro anos da instituição
Com 15 campi espalhados por diferentes regiões do Estado e mais de 152 mil matrículas em 13 cidades, o IFSul é hoje uma das maiores instituições de educação pública do país. Para os próximos quatro anos, Corrêa projeta uma gestão marcada por inclusão, escuta ativa, responsabilidade orçamentária e excelência acadêmica.
Expansão até 2026
Corrêa vê com bons olhos a retomada do projeto de expansão da Rede Federal, que prevê 100 novos campi até 2026 no Brasil. No caso do IFSul, Canguçu foi uma das cidades da região que demonstraram interesse em sediar uma nova unidade. Mas o reitor pondera que o crescimento precisa ser responsável, evitando sobreposição de cursos com outras instituições e considerando as vocações locais.
Reitoria itinerante
Com realidades regionais distintas, a instituição atua de forma descentralizada, mas integrada. A diversidade de perfis dos campi – como os agrícolas em Bagé e Pelotas (CAVG), o binacional em Santana do Livramento e os voltados à indústria, como o de Pelotas – exige uma gestão atenta às especificidades locais.
Para dar conta disso, o reitor Corrêa aposta na “reitoria itinerante”, proposta que prevê maior presença da equipe gestora nos campi. “A gestão tem que estar presente. Vamos circular pelas unidades e, inclusive, criar um centro administrativo na Região Metropolitana para aproximar a reitoria das unidades mais recentes”, explica.