Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara de Pelotas, o vereador César Brisolara, o Cesinha (PSB), é um dos protagonistas do poder legislativo e se coloca como um mediador dos conflitos internos e do parlamento com o governo.
Em entrevista ao programa Debate Regional na rádio Pelotense, Cesinha avaliou que a Câmara ainda não superou o clima da disputa eleitoral e que isso tem prejudicado o ambiente do Legislativo e o diálogo entre os vereadores.
“Nessas extremidades que muitas vezes a gente vê com discursos que não vão chegar a nada, inicia em nada para ir a lugar nenhum, são válidos, mas é um reflexo da polarização em que a gente está”, disse.
Para Cesinha, a dificuldade de os vereadores olharem para fora de suas bolhas ideológicas prejudica a Câmara. “A bolha não fala nada contrário, então fica muito difícil e é um esforço muito grande de esses parlamentares enxergarem fora de suas bolhas e verem que isso mancha a imagem do legislativo”, disse.
Relação com o governo
O vereador é presidente do PSB, partido que integra a gestão do prefeito Fernando Marroni (PT), e avalia que é um erro de muitos governos deixar o monopólio da crítica para a oposição. “É uma questão estratégica de politicamente não deixar crescer a oposição e de internamente estar sempre se autorregulando”, afirma.
Cesinha lembra que o PSB chegou a ter um momento de ‘discutir a relação’ com o governo ao retirar dois de seus secretários, em maio. “Achávamos que estava errada a condução de relação com os vereadores”, disse. “Hoje, a principal ponte para dialogar com esses vereadores é um vereador do PSB, que sou eu”.
Racismo
Num universo de 21 vereadores, a Câmara de Pelotas tem apenas três parlamentares negros. Em 2023, quando foi presidente da casa, Cesinha idealizou o Congresso Presença Negra, organizado pela Câmara e que chegou à segunda edição em 2024.
Cesinha lembra que, na legislatura passada, foi alvo de diversos ataques racistas. “Se forem olhar nas minhas propostas, não tem nenhuma vírgula sobre isso, porque é uma luta natural, então não faço disso plataforma política. Mas toda vez que sou agredido, não tenho como não agir diferente”, afirmou.
Futuro político
Questionado sobre uma possível candidatura a deputado em 2026, disse que nunca teve o sonho de entrar na política, que o partido quer que ele concorra, mas ainda não tem essa vontade.
Cesinha revela que o seu desejo é no futuro ir para o poder Executivo. “Eu tenho uma vontade imensa de dar contribuição no Executivo. Acho que posso contribuir, estudo muito e me dedico muito”, diz.
Segundo semestre
Agora em período de recesso, a Câmara de Vereadores teve um começo de legislatura tumultuado. Para o segundo semestre, Cesinha espera um clima ‘mais ameno’. “Acho que não vai ser. O segundo semestre antecede o ano eleitoral, então provavelmente vai ter um acirramento maior. A minha esperança é que os debates sejam respeitosos”, disse.
Assista a entrevista na íntegra