Com as portas da maternidade da Santa Casa de São Lourenço do Sul fechadas há mais de um mês, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) cobrou da direção do hospital uma definição sobre a data de retomada dos atendimentos obstétricos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A intimação visa esclarecer os rumores de que a prestação de serviço poderia ser encerrada em definitivo, o que resultaria no fechamento permanente da maternidade, que já foi referência em atendimento e detinha o título de Hospital Amigo da Criança, pelo incentivo ao aleitamento materno. As dificuldades financeiras da instituição, atualmente em processo de auditoria, levaram à suspensão dos atendimentos neste ano, ainda que tenha havido, em abril, destinação de recursos pela Câmara de Vereadores.
Para o sindicato, o cenário representa prejuízos sérios para a população, especialmente para gestantes em situação de vulnerabilidade, além de afetar negativamente a imagem da cidade, que deixaria de contar com nascimentos de lourencianos em sua principal instituição hospitalar. O Simers ainda destaca que há médicos obstetras atuantes no município que manifestaram interesse e disponibilidade para retornar ao atendimento, o que poderia viabilizar a reabertura e a manutenção desse serviço essencial.
O prefeito Zelmute Marten (PT) foi às redes sociais lamentar a situação e tranquilizar a população quanto ao atendimento às gestantes. “Estamos prestando atendimento por meio da Policlínica e do Plano de Contingência com o Estado”, afirmou o chefe do Executivo, ao lembrar que a crise na saúde levou à decretação de estado de emergência em 25 de junho.
Ainda ontem, Marten, acompanhado do secretário de Saúde Diego Elias e da líder de governo Grazi Vasques, recebeu no gabinete o presidente do Simers, Marcelo Marsillac Matias, e sua equipe, para tratar da crise na instituição de saúde. “A reunião foi um importante momento de diálogo para buscar alternativas diante da difícil situação enfrentada, que impacta diretamente a saúde da população.”
A administração municipal segue com o plano de contingência e afirma estar adotando todas as medidas possíveis para garantir que a comunidade continue assistida. A reportagem tentou contato telefônico com a direção do hospital, mas não obteve retorno.
Relembre
No dia 19 de junho, o sindicato emitiu um ofício relatando condutas que podem caracterizar risco de desassistência médica no município. O documento teve como base uma visita realizada no dia em que a maternidade parou de atender. Uma das constatações foi a ausência de obstetra no setor. Além disso, segundo o Simers, médicos estariam sendo convidados a prescrever receitas sem realizar atendimento completo dos pacientes.