O novo diretor-geral da Estação Embrapa Clima Temperado Leonardo Ferreira Dutra será empossado em 1º de agosto. Já em processo de transição, o gestor avalia que há uma série de desafios e metas da empresa pública. Entre os destaques, está a reativação das estruturas da antiga Cosulati, após a massa falida ter sido adquirida por uma empresa de São Paulo, e a expectativa pelo reflexo positivo no setor leiteiro.
Segundo o novo diretor-geral, em entrevista ao programa Acorda Zona Sul, da Rádio Pelotense, representantes da OZ.Earth, empresa que arrematou a área da Cosulati, procuraram a Embrapa para que os conhecimentos técnicos pudessem auxiliar efetivamente no processo de retomada. “Eles [empresa] vão fazer o investimento e é esperado que pessoas que tinham a expertise, naquela época, sejam chamadas para que se mantenha um padrão de qualidade”, disse Leonardo. No início do processo de reativação da estrutura, a empresa deverá trabalhar apenas com leite em pó e, depois, incorporar outros produtos.

Novo diretor foi entrevistado na Rádio Pelotense (Foto: Felipe Neitzke)
Novos Laboratórios
Na última semana, a Embrapa Clima Temperado inaugurou dois laboratórios que permitem análises mais qualificadas do leite e a realização de pesquisas de alta precisão com animais. O gestor destacou a necessidade dos novos e modernos equipamentos para a garantia da qualidade do produto que chega até à população. “O leite é um dos produtos mais adulterados e, com esses laboratórios, podemos avaliar o que está sendo produzido a partir da medição animal por animal, gerar dados e indicadores que vão poder ser utilizados pelos produtores”, garantiu.
Foram investidos R$ 10 milhões nos laboratórios que ficam localizados na Estação Experimental Terras Baixas, no Capão do Leão.
Além disso, foi lançado na Embrapa o Hub de Inovação do Leite. Uma iniciativa da unidade com o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA/RS), o Hub será uma rede colaborativa entre instituições públicas e privadas, como universidades e cooperativas, para acelerar a inovação na cadeia produtiva do leite.
Diferencial da unidade
Fundada a partir da fusão da antiga Estação Experimental Terras Baixas com o Centro de Fruteiras, a unidade Embrapa Clima Temperado atua há 32 anos na região, com braços em Santa Catarina e no Paraná. Sendo uma das 43 unidades da Embrapa espalhadas pelo Brasil, a Clima Temperado não trabalha com uma cadeia específica, sendo essa a sua particularidade frente às demais. Agregadas à unidade estão a Estação Experimental Cascata com 87 anos de atuação e a Terras Baixas, com 85.
Entre as culturas trabalhadas está as energéticas, como cana de açúcar, olerícolas e dois importantes projetos de melhoramento genético, da batata e do morango. O novo diretor-geral destaca que o ambiente também é focado na produção de arroz irrigado e diversificação da lavoura com rotação de culturas, soja e milho, além da cadeia de produção leiteira.
Entre as dificuldades enfrentadas, Leonardo destacou o orçamento. Por ser uma empresa governamental, é dependente do orçamento e que, neste último ano, com as divergências entre Legislativo e Executivo no âmbito federal, a liberação de recursos acabou atrasando. Ainda assim, no último ano, foi negociado com o governo, dentro do PAC, recursos que proporcionaram a melhoria das estruturas, de máquinas e implementos agrícolas na unidade. “A pesquisa brasileira tem sofrido com a intermitência do fluxo de recursos financeiros e esse é um dos nossos desafios: diversificar e buscar por novas fontes de recursos”, afirmou o gestor da Embrapa Clima Temperado.