Pelotas registra índices próximos de 100% de umidade relativa do ar desde o começo do mês. Essa condição climática, associada à nebulosidade e consequente ausência de sol na região, amplia o alerta para as consequências na saúde da população. Em períodos como o que está sendo observado, cresce o risco de agravamento de doenças respiratórias associadas à presença de mofo nos ambientes.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a umidade relativa do ar ideal varia entre 50% e 60%, bem distante do que é observado na região Sul durante o inverno.
Apesar dos pelotenses terem se acostumado a conviver com as paredes molhadas, vidros e espelhos embaçados e o mofo, esses fatores são prejudiciais para a saúde, mesmo daqueles que não têm histórico de doenças respiratórias ou alergias. A vulnerabilidade genética faz com que algumas pessoas sejam mais sensíveis à exposição ao mofo do que outras, mas ele é mais prejudicial para aqueles com sistema imunológico mais frágil, que é o caso de crianças e idosos.
Ambientes fechados aumentam riscos
De acordo com a pneumologista Raquel Janelli, a umidade relativa do ar alta, por muitos dias, associada a temperaturas entre 15ºC e 30ºC dentro de residências e locais de trabalho, favorece a proliferação de mofo, um dos maiores vilões para a saúde durante o inverno da Zona Sul. “Como muitos locais não têm isolamento térmico e impermeabilização, as casas tendem a ficar fechadas sem circulação de ar, o que faz com que o mofo permaneça no local, assim como a disseminação de outros germes, bactérias e vírus”, explica.
Em ambientes nestas condições, a pneumologista afirma que pessoas suscetíveis a quadros alérgicos, como rinite e asma, acabam apresentando crises mais recorrentes, principalmente em casos onde as doenças não apresentam tratamento adequado para controle.
Doenças respiratórias
Rinite alérgica, sinusite, laringite, além da crise asmática, são algumas doenças que podem se agravar nesta época. Os fungos também emitem substâncias tóxicas que podem causar, desde o envenenamento de indivíduos saudáveis, até estarem associadas a sintomas psiquiátricos como ansiedade e depressão.
Segundo Raquel, as crises podem variar conforme a doença e a pessoa. Tosse seca, falta de ar, chiado no peito, opressão no tórax, mais pela manhã ou à noite, espirros, secreção nasal, congestão nasal e irritação nos olhos são sintomas comuns. “O problema é que eles [sintomas] podem ser confundidos com quadros virais ou infecções respiratórias, porém muitas vezes estão relacionadas a alterações inflamatórias em nossas vias aéreas de causa imunológica em resposta ao mofo, causando piora da qualidade de vida e até complicações a longo prazo, quando não tratadas”, diz.
Grande do Sul: 5,4ºC e 6,1ºC, respectivamente. Em Pelotas, no começo da manhã foi registrada chuva fraca e esparsa, com acumulado que não superou 1 mm.
Prevenção
A medida preventiva mais eficaz contra as doenças causadas pelo aumento da umidade é arejar os ambientes. Por conta do clima frio e tempo fechado, a tarefa acaba sendo negligenciada na maior parte dos lares.
Alguns cuidados são necessários para minimizar os efeitos da alta umidade na saúde, como: higienização dos ambientes para retirada do mofo, limpeza do filtro de ar-condicionado, evitar carpetes e tapetes, troca periódica de travesseiros, higienização de lençóis e fronhas, evitar cortinas, bichos de pelúcia e manter ambientes iluminados e arejados.
Pelotas é a cidade mais úmida?
A localização geográfica de Pelotas faz com que a cidade seja considerada uma das mais úmidas do Brasil. O município está próximo à Lagoa dos Patos e ao Oceano Atlântico, que fornecem grande quantidade de vapor de água para a atmosfera, e tem solos arenosos que retêm umidade, além de um clima subtropical com frequentes frentes frias.
No entanto, o título de cidade mais úmida do país é de Gabriel da Cachoeira (AM), cuja média de umidade relativa do ar é de 87,9%. Pelotas não fica muito longe deste registro, com média de 82,1% ao longo do ano, e ocupa a 24ª posição do ranking do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
A tendência, conforme o Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (CPPMet) da UFPel é de que hoje seja registrada chuva mais intensa, com ventos ocasionalmente mais fortes e possibilidade de queda de granizo em algumas localidades.
A instabilidade deve permanecer sobre a região Sul entre hoje e amanhã. No sábado, 19, a atuação de uma massa de ar seco favorece o tempo estável em praticamente todo o Estado.