“Essa barranca é paz para mim”

Abre aspas

“Essa barranca é paz para mim”

José Leopoldo Escobar - Motorista e pescador

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“Essa barranca é paz para mim”
Motorista aproveita as folgas para pescar no quadrado. (Foto: João Pedro Goulart)

José Leopoldo Escobar tem 54 anos, nasceu em Herval, mas vive em Pelotas há cinco décadas. Motorista de caminhão, o homem de rotina intensa encontra à beira do canal São Gonçalo, no bairro Porto, um lugar de respiro e retorno às origens. No Quadrado, ele costuma pescar, como forma de relaxar e recarregar as energias. Entre um arremesso e outro, ele fala sobre a vida, as viagens pelo Brasil, a infância, o gosto pelo campo e a alegria com a volta da Rádio Pelotense no 99.5 FM.

Como é sua rotina de trabalho?

Eu sou motorista de caminhão. Também já fui operário, taxista. Hoje trabalho no regime de 7 por 1: são sete dias direto, e depois folgo um. É puxado, cruzo o Brasil para lá e para cá – Mato Grosso, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás. Tenho muita estrada e muita história. Muita coisa boa, muita coisa ruim também, mas a gente guarda só as boas.

E quando chega a folga você costuma vir pescar por quê?

Quando posso, venho para essa barranca aqui. Isso aqui é paz para mim. É um jeito de arejar a cabeça, matar a saudade da infância. Vim muito aqui quando era guri. A gente pescava nessa margem com meu pai, meus irmãos. Às vezes subia de barco para pescar mais para cima, no arroio. É raiz. Eles plantaram isso em mim e eu continuo.

Por que o senhor gosta tanto de fazer isso no Quadrado?

Pela natureza. Respirar esse ar, olhar essa água do São Gonçalo. Aqui é onde eu me encontro. Para quem vive no trânsito, isso aqui é um combustível. Eu gosto dessa barranca, dessa paz. Mesmo que às vezes minha esposa fique braba — está ali no carro, me esperando —, eu venho. É coisa de alma. Às vezes fico a manhã toda, até a hora de buscar minha filha no colégio.

Você tem uma relação muito forte com Pelotas, mesmo viajando o país inteiro. Como vê a cidade?

Tem gente que não tem essa relação, mas eu me identifico muito com Pelotas. O Rio Grande do Sul para mim é especial, porque sou descendente de gente do campo, que domava cavalo, tropeava. Essa região aqui tem história, tem charqueada, teve muita riqueza no passado. Essa terra tem alma, tem memória. Isso aqui é uma vitamina para mim.

Uma das pérolas da cidade, a Rádio Pelotense voltou no 99.5 FM. Ficou contente com a notícia?

Sempre escutei a Pelotense. Às vezes fazia plantão numa oficina e já fui taxista também – ficava com o rádio ligado o tempo inteiro. Escutava muito o programa “Pelotense a Caminho do Sol”, apresentado pelo Joel Pintado. Quando ela fechou em 2023, senti muito. Mas ter ela de volta no rádio, na FM, é bom demais. Agora que sei da nova numeração, vou procurar. Se eu estiver em casa assando uma carne, vou sintonizar na Pelotense.

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