A InovaAgro, unidade da Embrapii em Pelotas, teve aprovado um fundo de R$ 120 milhões para investir em projetos de desenvolvimento de novas tecnologias e soluções para a agricultura e o agronegócio, assim como a indústria agregada, da região Sul até 2030. Estabelecida há apenas quatro anos na Faculdade de Agronomia da UFPel, a unidade já soma 24 projetos em andamento e cerca de R$ 20 milhões aplicados.
A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) conecta o conhecimento científico da sua rede de unidades, formada por instituições de ciência e tecnologia, com a indústria, para o fomento à inovação por meio de um modelo flexível e com investimentos próprios. A unidade de Pelotas foi credenciada em 2021 devido à excelência das pesquisas desenvolvidas pela Faculdade de Agronomia da UFPel e conta, atualmente, com uma equipe de 250 colaboradores.
A InovaAgro tem cinco áreas de atuação, entre elas: cultivos, máquinas agrícolas, irrigação, agroindústrias, entre outras. No primeiro ano de atuação, o objetivo de executar projetos com investimento de R$ 4 milhões foi atingido antes do prazo. Como resultado, o repasse foi ampliado para R$ 7 milhões — valor que também foi aplicado integralmente nas pesquisas antes do período limite definido pela Embrapii.
Com o avanço da unidade, a InovaAgro conseguiu a aprovação de um plano de ação voltado à geração de novas tecnologias, com um fundo de R$ 120 milhões a ser executado até 2030. Nós temos nos destacado por ter muitos projetos com startups que têm uma ideia, testaram, mas não conseguiram avançar por falta de recursos. “Anualmente, a gente tem metas de contratação de projetos e uma previsão de valores a serem executados”, explica o vice-diretor, Edinalvo Camargo.
Entre os 24 projetos em andamento, estão soluções variadas que vão desde a formulação de fertilizantes inteligentes, novos bioinsumos, moléculas para a conservação de alimentos, até tecnologias para a previsão de perdas agrícolas e mensuração de quebras de grãos. “Temos um projeto com uma agroindústria local de um bioconservante para pães, por exemplo. Estamos desenvolvendo algo limpo, com substâncias naturais e que praticamente duplica a vida do pão na prateleira. E vai ser usado na indústria local”, conta o diretor da InovaAgro, Maurício de Oliveira.
Modelo Embrapii de investimentos
Ao conectar pesquisa e empresas, a Embrapii aporta recursos para a construção de projetos que levem à produção de novos produtos e processos para o mercado. Empresas que possuem ideias inovadoras ou buscam resolver desafios por meio de soluções tecnológicas podem entrar em contato com a unidade Embrapii e apresentar um projeto. Se aprovado, o desenvolvimento da solução é iniciado com o apoio da equipe técnica da própria unidade.
A Embrapii disponibiliza recursos num limite de até um terço (33%) do valor de custeio do projeto. Os dois terços (67%) restantes são negociados entre a unidade e a empresa. Os empreendimentos contratantes devem dar sua contrapartida apenas com recursos financeiros. Para propostas de micro, pequenas e médias empresas, o Sebrae também realiza aporte financeiro, reduzindo a necessidade de contrapartidas.
“Uma das grandes vantagens que nós temos em relação a outras formas de subvenção econômica é que o recurso está assegurado. Não há questões como editais: uma vez que o projeto é selecionado, já há recurso disponível”, destaca Oliveira.
InovaAgro – Tecnologias para a Agricultura
Cada uma das mais de 90 unidades Embrapii atua em diferentes competências tecnológicas. A InovaAgro tem foco em soluções inovadoras para a produção agrícola. Todos os projetos são executados com professores e pesquisadores da UFPel. “A gente monta equipes qualificadas para buscar novas soluções, de acordo com a demanda da indústria. A Embrapii tem um modelo muito inteligente e versátil, que se adapta conforme o necessário, pode ser uma empresa incipiente ou até uma multinacional”, diz o diretor.
Mesmo com pouco tempo de atuação, a unidade já trabalha com uma série de empresas do agronegócio da região Sul. “Com base na nossa pesquisa, a gente também consegue induzir a indústria a uma demanda nesse processo, mas, muitas vezes, a gente resolve uma dor”, completa.
Riqueza da região Sul
Conforme os diretores, a criação da InovaAgro tem o propósito de aliar a experiência da Faculdade de Agronomia da UFPel, com mais de 140 anos de desenvolvimento de tecnologias para a agricultura, ao setor responsável por grande parte da geração de riqueza da região Sul. “71% do VAP [Valor Adicionado da Produção] da região é agroindústria e máquinas agrícolas. Por si só, a indústria local já vem gerando muita riqueza, mas a gente entende que poderia gerar muito mais e impactar ainda mais a economia local”, diz Maurício Oliveira.
Edinalvo Camargo complementa ainda que a unidade trabalha para demonstrar que o investimento em tecnologia proporciona retorno em produtividade e competitividade.
“As indústrias locais poderiam produzir muito mais e perder muito menos. É isso que temos trabalhado na InovaAgro. A gente acredita muito na indústria daqui, no setor da agricultura.”
Diante dos impactos das mudanças climáticas no agronegócio do Estado, a unidade tem direcionado esforços para soluções agrícolas sustentáveis, voltadas à previsibilidade de perdas e mitigação de danos. “O agro vive um momento muito delicado. Isso exige que o produtor esteja cada vez mais com a produção em dia. Temos que usar a tecnologia para dar mais sustentabilidade a quem está no campo, porque as margens estão cada vez menores”, diz o vice-diretor.