Lóri Nelson celebra a longa trajetória nas artes da Zona Sul

Opinião

Ana Cláudia Dias

Ana Cláudia Dias

Coluna Memórias

Lóri Nelson celebra a longa trajetória nas artes da Zona Sul

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Atualizado sábado,
12 de Julho de 2025 às 14:06

Há 50 anos

Lóri Nelson celebra a longa trajetória nas artes da Zona Sul

O ator, ativista cultural e jornalista Lóri Nelson Nogueira Dias ou apenas Lóri Nelson celebra cinco décadas de trabalho em favor da arte e da cultura. Ao longo da sua trajetória, o rio-grandino, nascido em 19 de setembro de 1958, tornou-se uma figura importante no universo das artes cênicas da Zona Sul.

Mas a sua atuação na cultura local começou como produtor de eventos. “Tinha um amigo aqui em Pelotas que produzia shows nas boates, casas noturnas. As bandas eram de Rio Grande. Eu fazia um pouco de tudo que precisavam. O teatro começa em 1978, mas assumi em 1980 quando criamos o 20 pras 8 lá no Mauá”, relembra.

Cursou a faculdade pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel) na qual ingressou em 1980. A primeira peça foi Kayuá, o dom da palavra, primeiro como iluminador e ator, do seu grupo 20 por 8 lá no Mauá, em 1982, seguido de Uni Duni Tê (1983) e Alice no país divino maravilhoso (1984), de acordo com o Trabalho de conclusão de curso de Fátima Zanetti Portelinha, para o bacharelado em Teatro, da Universidade Federal de Pelotas.

O Sul como território

Com o fim do grupo, o ator participou de outras iniciativas que resultaram em trabalhos como No más… Uma cena gaúcha (1985), Fueteovejuna e Nietzche no Paraguay (1986), “que antecederam a criação do Usina de teatro junto ao qual participou de O auto dos 99% (1987) e Ordem e progresso (1988)”, conta a bacharelanda.

Participou de espetáculos de dança e atuou com o grupo Lume, de Campinas, no Paraná, criado em 1985. Até os anos 2000 participou de cerca de 20 peças de teatro. Sem falar nos trabalhos no cinema e na televisão.

“Fiz tour no nordeste, quatro turnês em São Paulo, Belo Horizonte e Uruguai.

Mas optei por morar aqui. Faço um trabalho autoral. Meu território é base. Viajar é uma paixão, mas sempre fiz de tudo pra morar em Rio Grande/Pelotas. Morei três anos em Porto Alegre e só, o resto foi por Rio Grande e Pelotas”, conta o ator.

Palhaçaria e memória

Atualmente ele também atua como clown e é criador do palhaço Bolaxa. Sem deixar a verve de jornalista e especialista em História do Rio Grande do Sul, recentemente finalizou a pesquisa sobre a Casa do Trabalhador de Pelotas, o que virou um jornal. “Terminei a produção de um longa metragem Vó África e agora sou preparador de atores e faço um personagem e a produção do 1° Festival Internacional de Palhaçaria do Mar de Dentro. Em agosto vou pro Festival Sesc RS de palhaços em Ijuí”, conta.

Há 98 anos

Folclorista nascido em 12 de julho, foi modelo da indumentária do Laçador, de Antonio Caringi

A história de vida do folclorista Paixão Côrtes é atrelada à figura do monumento O Laçador, escultura do pelotense Antonio Caringi. Inaugurada em 1958, a obra se tornou símbolo da cidade de Porto Alegre, em 1992.

Côrtes nasceu em Santana do Livramento, em 12 de julho de 1927. Era agrônomo, mas ficou conhecido por ser folclorista, compositor, radialista e pesquisador. Logo cedo, a partir dos 20 anos, aventurou-se Rio Grande afora para registrar a história, os hábitos e os costumes do homem que habitava os campos sulinos.

Em 1948, organizou e fundou o 35 CTG e, em 1953, fundou o pioneiro Conjunto Folclórico Tropeiros da Tradição. Também foi responsável, junto com Barbosa Lessa, de Piratini, de resgatar composições tradicionais gaúchas, gravadas, em 1956, pela cantora Inezita Barroso. As canções são: Chimarrita-balão, Balaio, Maçanico e Quero-Mana, Tirana do Lenço, Rilo, Xote Sete Voltas, Xote Inglês, Xote Carreirinha, Havaneira Marcada, recolhidas por Paixão Cortes e pelo piratiniense Barbosa Lessa.

O folclorista de 91 anos estava internado na U.T.I. do Hospital Ernesto Dornelles, recuperando-se de uma cirurgia em decorrência de uma fratura do fêmur de uma das pernas, em 27 de agosto de 2018.

Modelo ou não

Muito se fala em ter sido Paixão Côrtes o modelo da estátua do Laçador. Porém a versão é contestada pela pesquisadora e restauradora Isabel Torino, que recentemente, concluiu uma tese de doutorado sobre a vida e obra de Caringi. “Ele não é o modelo, o modelo da estátua do laçador. Tem uma polêmica muito grande nisso aí e foi uma narrativa que se fez e ficou”, comenta.

Esta confusão também acontece, porque Cortês posou com a indumentária que inspirou as vestes da estátua. Em 1954, Caringi concorreu com três obras em um concurso que escolheria a representação do gaúcho, na Exposição do 4º Centenário de fundação da cidade de São Paulo, no Parque Ibirapuera.

O escultora pelotense conquistou o primeiro, segundo e terceiro lugares, com as maquetes do Boleador, Bombeador e do Posteiro, nesta ordem. A escultura Boleador, por solicitação do júri, foi alterada e se tornou o Laçador.

“A comissão julgadora pediu para que ele trocasse as boleadeiras pelo laço. Então ele procurou o maior folclorista do Estado, a pessoa mais conhecida naquela época era o Paixão Côrtes. O Côrtes o levou até a casa dele e posou com a indumentária do gaúcho. Escolheu o laço, não me lembro quantas braças, 14, 12…, a bota-garrão de potro. Ele deu uma traquejada na indumentária. Então, o Paixão Côrtes não posou… Ele não é a figura que está lá, a forma humana do laçador. O Paixão Cortes posou depois com a indumentária”, conta a Antonella Caringi Aquino, neta de Caringi e gestora da obra monumental do artista.

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