Um grupo de investidores composto por três partes deve apresentar à direção do Brasil até o fim deste mês uma proposta para a aquisição da possível e eventual Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube. Um dos temas pendentes envolve a solicitação do processo de recuperação judicial (RJ), apontada como pré-condição para o avanço dos trâmites.
Essa estimativa para a chegada da proposta é confirmada pelo presidente do Xavante, Vilmar Xavier, e por Fernando Ferreira, economista e sócio fundador da Pluri Sports, empresa de consultoria parceira do Rubro-Negro desde o ano passado para tratar da viabilidade de transformação do clube em SAF.
“Já há um entendimento entre esse grupo [de investidores] da formatação do desenho da proposta. É um trabalho artesanal, muito demorado, juntar esses pedaços, colocar todo mundo na mesa e todo mundo se entender a respeito da formatação de uma proposta que atenda a todos esses objetivos, e principalmente, atenda os objetivos do Brasil”, explicou Ferreira em entrevista à Rádio Pelotense (abaixo, assista na íntegra).
Necessidade de recuperação judicial
As partes envolvidas na negociação não revelam detalhes, já que se trata de uma operação sigilosa. Segundo o economista, porém, a recuperação judicial é um “elemento chave”. Complexo, esse assunto vem sendo debatido há alguns meses. “O clube tem um passivo bastante elevado e isso precisa ser bem endereçado”, explica Fernando Ferreira.
O processo da RJ começa com um pedido à Justiça, a partir da apresentação de um projeto de renegociação de dívidas – no caso do Xavante, o débito total gira em torno de R$ 48 milhões. Ao longo do processo, se aceito, ações judiciais são suspensas por determinado período e o clube passa a ser supervisionado judicialmente. Tudo isso depende de aprovação dos credores e homologação do juiz, com cumprimento à risca.
Conforme o presidente Vilmar Xavier, o pedido de recuperação judicial no caso do Rubro-Negro precisa passar por aprovação interna no Conselho Deliberativo, seguindo ritos do estatuto.
Próximos passos
Mas o que falta? “Sendo preenchidas as condições de negociação entre o grupo de investidores e o Brasil, aí nós vamos para uma parte de negociação onde os elementos jurídicos estão equacionados de vez”, resume o sócio fundador da Pluri Sports, que divide todo o trabalho de negociação da SAF em três grandes fases:
- preparar o clube, ir ao mercado, identificar investidores, acertar o fechamento de uma proposta de investidores e colocar na mão do clube;
- debater a proposta dentro do clube, que é soberano. Isso envolve o encaminhamento para votação dos poderes, neste caso uma Assembleia Geral com a participação dos sócios adimplentes com direito a voto;
- formalizar detalhes contratuais após uma eventual aprovação da proposta pelo clube e iniciar a transição do modelo de gestão, que começa com uma gestão compartilhada.
“Isso está equacionado. Agora a gente tem, basicamente, como o Brasil tem uma questão relacionada à renegociação do seu passivo, há questões que precisam ser finalizadas. Imagino que estejamos na reta final para poder mudar de página. O que é mudar de página? Apresentar a proposta ao clube e aí o clube iniciar os debates a respeito da proposta em si, do rumo que o clube vai tomar”, define Fernando Ferreira.