Nas últimas semanas de junho, os gaúchos voltaram a viver a apreensão causada pelos grandes volumes de chuva e os reflexos das cheias de rios. O Rio Grande do Sul foi um dos locais onde mais choveu em junho, com acumulado de 400 mm, cerca de 100 a 300 mm acima do normal para o mês. Com a incidência do ar muito frio nos últimos dias em todas as regiões, as precipitações cessaram e, com isso, os rios começaram a baixar.
Nestas situações, principalmente após as enchentes de 2024, a atenção da região Sul volta-se para a Lagoa dos Patos e o deságua dos rios de todo o Estado. As cidades de Rio Grande e São José do Norte, por onde as águas passam até desaguarem no oceano, foram as mais atingidas durante o período de elevação no mês passado. No entanto, de acordo com o Comitê de Eventos Extremos da FURG e o Centro Interinstitucional de Observação e Previsão de Eventos Extremos (Ciex), o nível da Lagoa deve retomar a normalidade nos próximos dias.
A água que se deslocava do Guaíba já passa pelo estuário em Rio Grande. Mesmo assim, a Lagoa não deve experimentar novas elevações significativas, uma vez que a forte vazão de até 13.000 m³/s nos Molhes da Barra, e os ventos amenos de direção Sul e Oeste, tem se mantido, contribuindo para o escoamento dos grandes volumes.
A projeção, portanto, é que ao longo desta semana a Lagoa volte ao seu nível médio de 40cm em Rio Grande, em relação ao referencial de 80cm da cota de inundação.
Cenário na região
De acordo com o monitoramento do Ciex, na tarde de ontem, a Lagoa dos Patos estava 6cm abaixo da cota de inundação em Rio Grande, 25cm em São Lourenço do Sul e 34cm em São José do Norte.
A vazante permanece constante e, conforme a meteorologista do Ciex, Elisa Fernandes, a mudança dos ventos esperada para hoje deverá contribuir, ainda mais, para o escoamento das águas pelos Molhes da Barra.
Caminho das águas
Em entrevista à rádio, o meteorologista do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (CPPMet) da UFPel, Henrique Repinaldo, explicou que, além das águas do Guaíba, o estuário da Lagoa dos Patos recebe a água da chuva que cai no Uruguai, na Bacia da Lagoa Mirim- São Gonçalo. “Qualquer chuva muito volumosa na metade norte já começa a nos preocupar por aqui. A Lagoa tem uma dinâmica muito relacionada com os ventos”, disse.
Decreto de emergência
O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) reconheceu a situação de emergência em 11 municípios afetados pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul no mês de junho. Entre eles está Pinheiro Machado, na Zona Sul.
Segundo o ministério, com o reconhecimento, as prefeituras ficam aptas a solicitar recursos do governo federal para ações de defesa civil, como compra de cestas básicas, água mineral, refeição para trabalhadores e voluntários, kits de limpeza de residência, higiene pessoal e dormitório, entre outros.
FGTS Calamidade
Com o reconhecimento do decreto pelo governo federal, os moradores de Pinheiro Machado já podem solicitar o saque do FGTS Calamidade, por causa das chuvas intensas que atingiram o município.
O pedido pode ser feito direto no aplicativo FGTS, no celular, sem precisar ir à agência.
O valor máximo para retirada é de R$ 6.220, limitado ao saldo disponível na conta.
O prazo para solicitação vai até 5 de outubro e o solicitante não pode ter feito outro saque, pelo mesmo motivo, nos últimos 12 meses.