Debate polêmico, mas necessário

Editorial

Debate polêmico, mas necessário

Debate polêmico, mas necessário
(Foto: Jô Folha)

O processo de exclusão de veículos de tração animal, aos poucos, parece ser irreversível. O Ministério Público já havia demandado que a prefeitura de Pelotas iniciasse essa transição no ano passado. Agora, o município dá um passo significativo, que é a proibição do uso de carroças e charretes para carregar materiais de obras. Embora seja uma situação que segue uma tendência global de colocar pautas da causa animal no cerne das discussões, é fundamental que o lado humano seja considerado. E em uma cidade como Pelotas, onde uma parcela da população ainda depende muito do ofício de charreteiro, as soluções precisam ser estruturadas.

O tema da causa animal veio para ficar e ignorar, ou se prender em argumentos do passado, ou no “sempre foi assim”, é diminuir uma questão importantíssima. Há diversas questões que permeiam o debate e, embora seja claro que a grande maioria dos carroceiros e charreteiros cuidem bem da saúde dos seus animais, usá-los como instrumento de trabalho virou tema de uma polêmica que passa, inclusive, pela mobilidade urbana. Se a proibição é o caminho natural, adotado por tantas outras cidades, agora é a hora de iniciarmos o debate sobre a inclusão dos trabalhadores em outras frentes.

Pelotas deixou passar a oportunidade propostas anos atrás de aplicar veículos de propulsão elétrica, proposto pelo IFSul. Sairia caro, mas sequer foi pensado em maneiras de usar questões como apoio empresarial, lei de incentivo e cotas de publicidade, entre outros pontos, para bancar isso. Se a ideia é deixar a reciclagem inteira para o poder público, o que faz bastante sentido, é o momento de fomentar cursos profissionalizantes para a categoria, para não acarretar em mais desemprego. E, dentro disso, o fundamental é ouvi-los.

Propor ideias sem entender o que os trabalhadores querem é contraproducente. Proibir sem prensar em soluções a longo prazo para inclusão social e profissional deles é regredir junto a uma classe que já é sensível e carente em muitas frentes. A evolução é necessária, mas as soluções devem caminhar junto.

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