O novo projeto de circulação de Kako Xavier fez a sua primeira parada no Colégio Municipal Pelotense. Viva o Tambor na Escola propõe fortalecer a identidade afro do Estado, popularizar entre os estudantes as histórias pouco contadas sobre a musicalidade negra gaúcha e ao mesmo tempo promover a valorização dos tambores do sul. Ao todo serão 13 escolas visitadas ao longo de duas semanas, contemplando crianças e adolescentes de diferentes localidades da Zona Sul. A iniciativa tem financiamento do Programa Nacional Aldir Blanc, através de edital da Secretaria de Estado da Cultura.
O projeto contemplou escolas rurais, quilombos, assentamentos e escolas urbanas. A proposta vai circular pelos seguintes municípios/localidades: Arroio Grande, Pedro Osório, Rio Grande, Ilha da Torotama (Rio Grande), Caçapava do Sul, Piratini, São Lourenço do Sul e Pelotas. Algumas cidades terão duas instituições educativas visitadas. As atividades são realizadas nos turnos da manhã e da tarde.
Nesses encontros, Xavier, que é cantor, compositor e percussionista, acompanhado por outros músicos parceiros, realiza cinco ações nas escolas. Na manhã de ontem, participaram cerca de cem crianças dos anos iniciais até a quarta série do Ensino Fundamental. Os pequenos começaram assistindo ao curta-metragem A turma do Tamborito, com o qual conheceram as diferenças entre os tambores.
Depois participaram de uma oficina. Durante esse momento, Kako Xavier apresenta os instrumentos de percussão e estimula os pequenos a tocar e cantar junto com ele. Na abertura das atividades, aconteceu um bate-papo que o músico fez com professores sobre a valorização da cultura negra na escola. À tarde os adolescentes foram contemplados com um show e uma oficina de percussão.
Vivências fundamentais
A professora Maria Raquel Gomes Vieira, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) no Pelotense, explicou que temas relacionados ao legado afro são tratados no Colégio desde 2006. “É muito importante, não só porque a gente tem uma legislação a cumprir, que trata dos estudos e da história da cultura afro-brasileira, mas também porque o tambor de sopapo faz parte da cultura pelotense. Na escola essas vivências são fundamentais a todo momento”, diz Maria Raquel.
A diretora, professora Graciane Pereira, comenta que o Pelotense é uma escola aberta a todo tipo de atividade educativo e cultural, por isso o projeto foi muito bem-vindo. “A pré-escola vem trabalhando com a temática do sopapo, há algumas semanas. A escola busca trabalhar com essas questões o tempo todo. Isso é representatividade”, diz a diretora.
Formação de plateias
Hoje será a vez dos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Cristóvão Pereira de Abreu, localizada na Ilha da Torotama, em Rio Grande. Arroio Grande é a terceira cidade do projeto, amanhã.
Muito feliz com essa circulação, Kako Xavier comenta que o Viva o Tambor na Escola tem também o objetivo de formar novas plateias para a sua arte. “Estou realizado, porque a gente vai espalhar nas escolas a história dos tambores do sul, para os professores trabalharem esse conteúdo com os alunos”, diz. Em Pelotas, desde 2021 o sopapo é Patrimônio Imaterial da cultura. Viva o Tambor tem dois significados, o de viver e o de celebrar, explica o músico.
“Estou tendo um olhar mais gaúcho, mais histórico e mais praieiro para o tambor. E é um olhar de celebração, um salve pro tambor, mas é também um convite: ‘vamos vivenciar o tambor’”, convida.