Pelotas caiu uma posição no índice de potencial de consumo, conforme aponta a projeção do anuário IPC Maps 2025. Após ocupar por diversas edições o quarto lugar, o município da Zona Sul foi ultrapassado por Santa Maria. As três primeiras posições seguem sendo de Porto Alegre, Caxias do Sul e Canoas.
A metodologia do indicador considera dados como número de habitantes, classes sociais e setores econômicos para estimar quanto os moradores devem gastar ao longo do ano. No Rio Grande do Sul, a projeção para 2025 é de um consumo total de R$ 545 bilhões. O estado ocupa o quarto lugar no ranking nacional, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
No topo do ranking estadual, Porto Alegre lidera com estimativa de R$ 83 bilhões em consumo. Em Caxias do Sul, a previsão é de R$ 29,8 bilhões; e em Canoas, R$ 18,2 bilhões. Santa Maria deve movimentar R$ 14,3 bilhões, enquanto Pelotas aparece com R$ 13,8 bilhões. No ranking nacional, Pelotas ocupa a 87ª posição.
Entre os dez primeiros do estado, Novo Hamburgo caiu da sexta para a sétima posição, e São Leopoldo passou da oitava para a nona.
Cenário pouco atrativo
Na avaliação do economista João Carlos Madail, um dos principais motivos para o mau desempenho de Pelotas é a redução de oportunidades, que provoca o êxodo de mão de obra qualificada para outros centros.
“Para quem tem pouco e enfrenta baixos salários, inflação, aumento de preços, juros altos e dificuldade de acesso ao crédito, a capacidade de adquirir bens e serviços fica fora do alcance”, analisa.
O presidente do Sindilojas Pelotas, Renzo Antonioli, destaca que, apesar de ser o quarto município mais populoso do estado, Pelotas não tem acompanhado o crescimento econômico de outras cidades.
“Estamos com um PIB muito baixo. O número de pessoas recebendo benefícios do governo federal em Pelotas é um dos maiores do estado”, afirma.
Segundo Antonioli, o auxílio social acaba reduzindo a renda per capita em comparação com cidades em que predomina o trabalho formal.
Já Jesué Fonseca, diretor-executivo da Secretaria de Desenvolvimento, Empreendedorismo e Inovação (SDEI), avalia que os eventos climáticos recentes, como as enchentes, alteraram dinâmicas regionais.
“Não entendemos a queda no ranking como uma retração econômica, mas sim como reflexo do fortalecimento de municípios como Santa Maria em áreas como a tecnologia”, aponta.
Foco no crescimento
Para Madail, a industrialização pode ser um caminho viável para gerar empregos qualificados e reter talentos na região. “Há esperança de avanço desde que se fortaleça a região, com investimentos em negócios voltados ao mercado interno e também às exportações via Porto de Rio Grande”, afirma.
A atração de empresas é uma das bandeiras de Antonioli para melhorar o ambiente econômico, incentivar o consumo e elevar a autoestima da população. “Atrair empresas de médio porte e tratar o turismo de forma profissional e produtiva são caminhos possíveis”, comenta.
Fonseca destaca que, assim como Santa Maria, Pelotas vem investindo no desenvolvimento da inovação e da tecnologia. “O Pelotas Parque Tecnológico está com lotação esgotada. Temos a criação de um novo hub de inovação voltado à saúde e a Lei da Inovação em vigor. Tudo isso já está em andamento”, reforça.
Cenário nacional e regional
Na divisão por regiões, o Sudeste lidera com 48,1% do consumo nacional. O Nordeste sobe para a segunda posição, com 18,6%, ultrapassando a Região Sul, que representa 18,5%. O Centro-Oeste aparece com 8,8%, e o Norte, com menos de 6%.
Para o Brasil, o anuário IPC Maps 2025 estima que as famílias gastarão cerca de R$ 8,2 trilhões ao longo do ano. Com base em uma previsão de crescimento de 2% do PIB, essa movimentação representa um aumento real de 3,01% em relação a 2024.