O Centro Empresarial Zona Norte (Cezon) tem um novo presidente. O advogado Marcos Scobernatti, tomou posse ontem à noite, durante um jantar, quando foi anunciado a diretoria da entidade, que volta ao cenário de Pelotas com propostas ousadas para integrar e articular o desenvolvimento não só do bairro, mas da cidade. Fundado em 1992, o Cezon retoma suas atividades com força total após um período de atuação mais discreta durante a pandemia.
Com a proposta de fomentar o empreendedorismo local e fortalecer o associativismo entre os empresários da cidade e região, Scobernatti aposta em um crescimento de 300% no número de associados. “Trabalhamos para integrar novos empresários, tanto os que surgiram nos últimos anos, quanto os que enfrentam dificuldades e buscam apoio coletivo. A proposta é unir forças para enfrentar os desafios logísticos, de mão de obra e de representação política”, pontua.
Entre as bandeiras prioritárias da nova gestão está a construção de um viaduto no entroncamento da avenida Fernando Osório, ponto crítico de mobilidade em Pelotas. O objetivo é reunir entidades empresariais e lideranças políticas para tirar o projeto do papel. Um estudo anterior deve ser reaproveitado.
Marcos acredita que Pelotas possui um enorme potencial econômico, mas ainda carece de maior união entre os empresários. “O empresário daqui é tão bom quanto o do Vale do Taquari, da Serra ou da Região Metropolitana. A diferença é que em outros lugares existe um associativismo muito mais consolidado. Lá, as pessoas se unem para resolver problemas. Aqui ainda temos dificuldade até de falar sobre eles”, pontua.
Natural da Serra Gaúcha, com escritório na Grande Porto Alegre e atuação na área de Direito Empresarial e Tributário, Marcos destaca que, além de advogado, também é empresário. “A advocacia hoje deixou de ser artesanal. Trabalhamos com estrutura empresarial, atendendo transportadoras, comércios e indústrias, o que nos permite conhecer profundamente as dificuldades enfrentadas pelo setor produtivo”, afirma.
Desafios locais
Ele destaca que muitos empresários da cidade enfrentam problemas sérios, mas não os expõem ou compartilham com seus pares. “Em outras cidades, o empresário chega dizendo que está com dívida e quer ajuda. Aqui, isso ainda é tabu. Mas é nesse cenário que o Cezon pode atuar como ferramenta de transformação.” Marcos reforça que um dos grandes desafios é mudar a cultura de valorização do que é de fora. “Pelotas tem mão de obra qualificada, universidades, infraestrutura, e ainda assim muita gente prefere contratar serviços de fora. Precisamos inverter isso. Valorizar o que é nosso”, defende.
Marcos também defende que as entidades empresariais atuem como braços articuladores do poder público. “O governo tem outras prioridades, como saúde e educação. Cabe a nós, do setor privado, organizar demandas, apresentar projetos prontos e viáveis.” Em entrevista ao programa Debate Regional da Rádio Pelotense, o presidente defendeu a busca por um candidato forte que represente a região, tanto na Assembleia Gaúcha quanto no Congresso Nacional.
A nova fase do Cezon também inclui projetos de capacitação e treinamento de mão de obra, buscando evitar o que aconteceu no polo naval, quando muitos trabalhadores vieram de fora. A meta é reter talentos locais e integrar os recursos financeiros, tecnológicos e sociais de Pelotas.