Noel Torres Nobre, Amanda Klein e Cecilia da Silva não eram nascidos quando o Theatro Sete de Abril fechou as portas em março de 2010. No imaginário das crianças, o patrimônio histórico da cidade, que recebeu grandes companhias nacionais e internacionais a partir de 1834, era um local grande, com móveis antigos e bonitos e um espaçoso palco.
No aniversário de Pelotas, os três e os colegas estudantes das Escolas Municipais de Ensino Fundamental Alcides Mendonça Lima, Brum de Azeredo, Joaquim Assumpção, Padre Rambo, além da Orquestra Estudantil Municipal tiveram a oportunidade de experimentar a sensação de assistir a um espetáculo especialmente para esse público, pois o local deve permanecer fechado até o final do ano.
Nas cadeiras da plateia recentemente instaladas, o público mesclava entre espectadores, admiradores, curiosos e entusiastas das artes. O prefeito, Fernando Marroni (PT), destacou em seu discurso o empenho das equipes da Secretaria de Cultura (Secult) ao longo dos últimos meses para que, no dia do aniversário da cidade, fosse possível entregar esse presente aos pelotenses e ao povo brasileiro. “Esse teatro é um patrimônio do povo brasileiro, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), portanto é responsabilidade da nossa cidade manter esse ícone da cultura brasileira de portas abertas.”
O chefe do Executivo prometeu que o espaço histórico voltará a ser palco das manifestações culturais, da música, da dança e das artes cênicas. “O Theatro Sete de Abril está de volta”, diz ele na primeira fila da plateia, e aplaudindo os jovens e promissores músicos da Orquestra Estudantil Municipal, ao lado da vice-prefeita Daniela Brizolara (PSOL) e da secretária de Cultura Carmem Vera Roig.
No palco
Assim como os estudantes, grande parte dos integrantes da orquestra não conhecia o Theatro Sete de Abril e estar no palco simbólico para a cidade ficará para sempre na memória. Noel Torres Nobre tem apenas oito anos e foi o centro das atenções. Com o instrumento de cordas proporcional ao seu tamanho, ele considera a ideia de tocar em uma grande orquestra bem viável, no entanto, a prioridade é ser meteorologista. “Não é apenas tocar um violino, é vir para cá (teatro) e ter o desafio de tocar um violino”, define.
Cecília da Silva Schwenson, nove anos, ficou encantada pela decoração. A jovem estudante da escola Brum de Azeredo imagina algo parecido com o Theatro Guarani, mas logo percebeu a diferença arquitetônica, no tamanho, um pouco menor, mas não mesmo imponente. “Eu achei tudo muito bonito, bem caprichado. Gostei muito das cores e de como nós ficamos perto do palco”, revela.
“Eu nunca tinha vindo aqui. Não imaginava ser tão antigo assim. Eu tô adorando o lugar e as músicas são muito boas aqui”, diz encantada a estudante Amanda Kleinicke Muslaf, 11 anos. Ela revela estar apaixonada pelo teatro e, como integrante da invernada do CTG Thomaz Luiz Osório, sonha um dia em estar no palco. “É meu sonho. Sou apaixonada por teatro, por dança e estou muito feliz de estar aqui com a minha escola, minha turma e meus amigos”, confessa a aluna do sexto ano da Escola Alcides de Mendonça Lima.
Restauro
A prefeitura segue em busca de R$ 7 milhões para a finalização das obras. Os tapumes da frente do prédio histórico foram retirados, mas o poste de energia elétrica que fica na calçada ainda não foi removido. O espaço de arte estava previsto para ser entregue ainda no governo de Paula Mascarenhas, mas novas intervenções foram anunciadas pelo novo governo que deve buscar recursos junto ao Instituto do Iphan e outras instituições.