A retomada da Rádio Pelotense é permeada pela relação entre tradição e inovação, e um dos exemplos é a atuação do ex-operador de áudio, Valdir Schellin, 66, na estruturação técnica do novo estúdio, na sede integrada ao A Hora do Sul.
O agora técnico em eletrônica presta serviços para rádios de toda a região, com muito do que aprendeu ao longo dos 52 anos em que esteve vinculado à emissora mais antiga do Rio Grande do Sul.
Quanto tempo trabalhou na Pelotense e quais cargos ocupou?
Trabalhei 14 anos como funcionário, contratado como operador de áudio que, naquela época, era chamado de controlista. Primeiro comecei no escritório e, depois de dois anos, fui para a mesa de som. Comecei a trabalhar lá, no endereço da Andrade Neves, em 13 de agosto de 1973. Naquela época, tinha cinema e rádio juntos no mesmo prédio, por isso era chamada de ‘Cine Rádio Pelotense’. Meu irmão trabalhava na técnica para a rádio e me indicou.
Quais são as suas lembranças mais marcantes da época?
Tudo foi emocionante, tenho tantas lembranças boas que acho que não ia conseguir falar em uma só. Minha relação com todos que trabalhei sempre foi muito boa e nos damos bem até hoje, com quem ainda consigo ter contato ou ver por algum serviço. Naquela época, a gente vivia o rádio e se emocionava, eu chegava bem antes lá para poder organizar a mesa e estar com tudo pronto quando precisasse entrar no ar. Em Pelotas, quando eu trabalhava na Pelotense, era ela e mais três emissoras de rádio só: Tupanci, Universidade e Cultura. Claro que todo mundo queria entrar antes, narrar um gol antes da outra, mas sempre nos respeitamos.
Como manteve sua vida ainda relacionada ao rádio?
Depois de entrar na Pelotense, me formei em eletrônica na escola técnica daqui e, depois de uns anos, fui para São Paulo com meu irmão. Lá, ele tinha uma empresa para conserto de equipamentos das emissoras. Nos anos 1990, acabei voltando para Pelotas e aqui abri minha própria empresa do mesmo ramo, atendendo rádios de toda a região Sul. Agora eu trabalho onde precisam de mim. A vida é isso, até morrer vamos estar aprendendo alguma coisa e sou muito feliz em ainda, com a idade que estou, poder aprender todos os dias.
Qual é o sentimento de voltar a colaborar, agora com a estruturação da Pelotense em sua nova fase?
Fico muito feliz, né? Eu não queria que a rádio sumisse e, ainda que voltasse, mas se mudasse o nome, ela iria terminar. Quando me falaram que o Adair [Weiss] e todo o grupo decidiu manter o nome, que já era um nome marcante em todo o Estado, eu fiquei muito emocionado. Depois de ter participado, desde aquela época, saber que a rádio vai continuar se chamando Pelotense, mesmo que não seja do mesmo dono, é ter a certeza que ela vai se manter para as próximas gerações, agora de outras formas.