Neste domingo, dia 6 de julho, Piratini completa 236 anos como um dos pilares da história do Rio Grande do Sul. Fundada por açorianos no fim do século 18, a cidade ficou marcada para sempre como a primeira capital da República Rio-Grandense, durante a Revolução Farroupilha, entre 1836 e 1842.
Hoje, longe das batalhas, Piratini é uma cidade pacata de 17,5 mil habitantes, com uma economia baseada na agropecuária, que representa 58% do Produto Interno Bruto (PIB) do município.
Além do agro, o município destaca pela vocação do turismo histórico e cultural, que tem seu ápice durante a Semana Farroupilha e o desfile de 20 de Setembro, quando centenas de tradicionalistas desfilam pelas principais ruas da cidade e milhares de visitantes são recebidos.
História Farroupilha preservada
A história de Piratini e da Guerra dos Farrapos é preservada no Museu Histórico Farroupilha, fundado em 1953. O prédio que abriga o museu foi construído por volta de 1818, foi a primeira escola de Piratini e, no período farroupilha, sediou o Ministério da Guerra.
Em 2021, o museu recebeu a doação de mais de mil peças sobre a Revolução Farroupilha e os eventos do centenário. “A partir dessa doação, nós passamos a ser o museu com o maior acervo sobre a Guerra dos Farrapos”, explica a diretora do museu, Luiza Rodrigues.
Além da exposição permanente, atualmente o museu tem uma exposição temporária com fotografias de prédios históricos ao longo do tempo e quadros feitos por uma artista desconhecida. Para setembro, o foco será uma exposição voltada aos 90 anos da Exposição do Centenário Farroupilha, realizada em Porto Alegre em 1935.
Grupo leva teatro às ruas de Piratini
Além do turismo histórico, uma iniciativa do ator e diretor Ilson Soares leva teatro e cultura às ruas de Piratini. O grupo Galera da Arte começou em 2023, com a encenação da lenda do Negrinho do Pastoreio para um público fechado, mas cresceu no ano passado, com a peça ‘Alma Corrompida’. Neste ano, a ‘Paixão de Cristo’, encenada durante a Semana Santa, emocionou a população e consolidou o trabalho da equipe.
Neste domingo, às 18h30min, a Galera da Arte volta às ruas com ‘Alma Corrompida’, uma peça baseada na lenda do Negrinho do Pastoreio, mas com reviravoltas. A encenação será em frente à Casa de Camarinha, a primeira casa da cidade. “Tem a lenda como pano de fundo, mas tem uma redenção. O texto traz uma reflexão sobre se os fins justificam os meios e o personagem do Negrinho do Pastoreio não morre”, explica o diretor, que escreveu a peça.
Nos planos, estão previstas uma peça para a Semana Farroupilha e um Auto de Natal, em parceria com a Escola de Música do Rotary, para contar a história de Jesus desde a concepção até o primeiro milagre da transformação de água em vinho.
Tradição e futuro
“Ser prefeito de Piratini é carregar a missão de cuidar de uma cidade que tem alma, tem história e tem um papel marcante na formação do nosso estado”, considera o prefeito Márcio Porto.
“Somos uma cidade que preserva a cultura, a memória, mas que também busca inovação, desenvolvimento e oportunidades. Temos uma comunidade participativa, acolhedora e que acredita no potencial de Piratini. Isso faz toda a diferença”, diz.
O prefeito destaca que a cidade valoriza os artistas locais e as manifestações tradicionais enquanto busca estar bem-preparada para receber os visitantes. “Acreditamos que Piratini tem muito a oferecer como destino histórico, cultural e natural, e estamos trabalhando para transformar isso em geração de renda, emprego e visibilidade”, afirma.
Porto destaca que a base econômica de Piratini é a agropecuária, em especial a pecuária e a produção de grãos, além do polo madeireiro. “Temos também um comércio ativo e uma economia que, aos poucos, vem se diversificando”, explica.
“Para o futuro, acreditamos muito no fortalecimento do setor agro, na chegada de novas empresas ligadas à energia limpa – como os projetos eólicos – e também no turismo, como uma atividade complementar que pode gerar novas oportunidades para nossa população”, aposta o prefeito.