Sinval Guazzelli transfere governo do Estado para Pelotas

Opinião

Ana Cláudia Dias

Ana Cláudia Dias

Coluna Memórias

Sinval Guazzelli transfere governo do Estado para Pelotas

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Há 50 anos

Empossado em 15 de março de 1975, o governador Sinval Guazzelli transferiu o governo do Estado para Pelotas durante a semana de comemorações pelo aniversário do município. O gestor chegou no final de tarde de 4 de julho, e no dia seguinte teria uma agenda cheia de compromissos com lideranças locais e de outras cidades da Zona Sul.

O paço municipal sediou o gabinete de trabalho de Guazzelli e a primeira reunião oficial foi com os prefeitos da Associação dos Municípios da Zona Sul. Enquanto isso, a primeira-dama, Ecléa Guazzelli, visitou entidades assistenciais e no dia 5 acompanhou o encerramento de dois cursos de formação profissional para menores, promovidos pelo Movimento Assistencial de Pelotas e Fundação Gaúcha do Trabalho.

Outros governadores

Até 1975, Guazzelli foi o quarto governador a se instalar no município. O primeiro foi o Barão de Caxias, em 15 de novembro de 1894, logo depois da pacificação da então Província de São Pedro do Sul.

João Marcelino de Souza Gonzaga foi o segundo governador da Província a instalar seu governo estadual em solo pelotense. Isto ocorreu entre 27 de janeiro de 1864 e 1865, na rua Sete de Setembro esquina Gonçalves Chaves.

O engenheiro Ildo Meneghetti, na gestão do prefeito Edmar Fetter, foi o terceiro a se fixar no município. O governador e comitiva visitaram Pelotas entre os dias 14 e 16 de abril de 1955.

Há 100 anos

Pelotense lembra evento pitoresco da festa da “Centenária”

Em um artigo, um colaborador lembrou a “Centenária”, como chamavam os diferentes eventos que celebraram o aniversário de 100 anos de Pelotas, ocorrido em 7 de julho de 1912. As ações festivas foram capitaneadas pelo jornalista e escritor João Simões Lopes Neto. Em uma das tardes daquela semana aconteceu, no estádio do Sport Clube Pelotas, uma festa para as crianças alunas das escolas da cidade. Alguns desses grupos escolares foram até lá também para fazerem apresentações ao público.

Ao Diário Popular de 4 de julho de 1925, o colaborador identificado como V.M. conta suas memórias daquele dia: “O professor Antenor apesar de seus 60 anos, ainda mantinha respeito e disciplina na aula, tendo os seus alunos muito temor das suas repreensões. Desfilamos pela rua 15 de Novembro, em demanda do S.C.Pelotas, a aula ia completa, 36 rapazes, todos regularmente vestidos com um laço de fita na lapela do casaco; que tinham as cores da bandeira nacional; o professor Antenor ia metido no fraque, um tanto esverdeado, mas bem passadinho que lhe dava um ar de certa aparência pouco vulgar. Os óculos de ouro preso no colete por um cadarço de seda preta estavam em completa harmonia com o traje”, relembra.

Crianças e balões

O desfile foi um pedido do S.C.Pelotas. “A atitude do professor Antenor era empolgante, os olhares prescrutadores tornavam-o mais preciso no movimento do corpo… no segurar a bengala e no caminhar firme”. Tudo corria muito bem e o professor acompanhava a turma sem falar uma palavra. “Na fileira ninguém tinha o direito de falar, ai de quem infringisse as ordens terminantes do mestre”.

Porém, quando a turma entrou na avenida Bento Gonçalves, em direção ao Pelotas, a organização do evento começou a soltar foguetes e balões, centenas deles. “Os balões começaram a produzir o seu efeito; a fileira não obedecia a mesma correção, todos olhavam para os balões”, conta o ex-aluno.

O pior aconteceu quando um dos alunos, Antônio, segura um dos balões. “O desejo de possuir um igual avassalou todos os corações”. O mestre ficou furioso e ameaçou castigar os alunos com castigos terríveis na chegada ao colégio.

A gota d’água foi quando um balão foi ao encontro de Innocencio, com dez anos, que correu para alcançar o seu balão. Nesse momento a turma não se conteve mais e debandou em busca da novidade. “Ninguém mais quis saber do professor Antenor, que foi, creio, à festa, mas sozinho”, diz o cidadão.

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