Projeto de Lei eleva roda de samba a patrimônio imaterial

Pelotas

Projeto de Lei eleva roda de samba a patrimônio imaterial

Proposição do vereador Paulo Coitinho (Cidadania), foi aprovada pela Câmara

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Projeto de Lei eleva roda de samba a patrimônio imaterial
Projeto Cultural Renascença começou em 2014 no Largo do Mercado Central, mas teve de sair de lá (Foto: Pedro Lopes)

Aprovado pela Câmara de Vereadores, no final de junho, o projeto de lei que Declara as Rodas de Samba de Pelotas como Patrimônio Cultural Imaterial do Município, aguarda a sanção do prefeito Fernando Marroni (PT). A proposição do vereador Paulo Coitinho (Cidadania) tem por objetivo reconhecer e valorizar essa manifestação da música popular, que tem grande expressão em Pelotas.

“Ao declarar as Rodas de Samba como Patrimônio Cultural Imaterial de Pelotas, o Município dá um passo importante para reconhecer a riqueza e a diversidade de sua cultura, promovendo ações de valorização, registro e apoio a essa prática”, justificou o vereador Coitinho. O PL foi protocolado em 29 de maio.

O vereador fala que aproximou seu mandato de ações culturais, com elas vieram o samba, o Carnaval, as religiões de matriz africana e a comunidade afrodescendente. “Outro dia eu acompanhei uma entrevista em que falavam que em outros lugares do país já fizeram esse reconhecimento. Pelotas tem o Dia do Samba, mas não tem o reconhecimento das rodas de samba. Principalmente Pelotas que tem no seu DNA um perfil afrodescendente muito forte”, explica de onde surgiu a ideia. A aprovação do PL na Câmara, entre os vereadores presentes, foi unânime.

Para o vereador esse reconhecimento vai beneficiar os grupos que promovem as rodas de samba no município. “A gente pode pensar em questões de evento, de incentivo financeiro das atividades relacionadas ao samba. A partir de agora, para o ano que vem a gente quer um calendário de atividades ligadas às rodas de samba, seja no Largo do Mercado ou no Beco da Cultura, temos que valorizar esses espaços importantes com as rodas de samba, que têm uma simbologia muito importante para o nosso povo”, fala o vereador.

Aberto ao público

O músico Tauê Bastos Azevedo, percussionista e um dos vocalistas do Projeto Cultural Renascença, que há 11 anos faz rodas de samba em Pelotas, comenta que desde a fundação desta entidade foi adotada a proposta de levar este gênero musical para a rua, de forma aberta ao público. “Ao longo dos anos, devido ao decrescente apoio, fomos nos adequando, levando a nossa roda de samba para bares e afins, mas sem abrir mão de estarmos na rua”, comenta o sambista.

Neste ano o Renascença esteve na Telinha, na Vila Castilho e recentemente foi ao bairro Navegantes, no Ruas de Lazer, promovido pela prefeitura e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). “Leis como essa tendem a serem benéficas para a população, uma vez que Pelotas é sabidamente uma cidade que produz músicos em quantidade e qualidade impressionantes. Quanto mais fomentamos a cultura e a música de forma acessível a todos, melhor será”, diz Azevedo.

Fundador do Renascença, juntamente com os músicos Robert Veiga, Francisco Teixeira, Gianni Gill, Vinícius Tavares e Matheus Tavares, Azevedo comenta que esse PL pode contribuir de forma direta, apoiando financeiramente e em infraestrutura os eventos de rua. “Cada grupo tem seu custo mínimo para estar na rua e, desde que haja preocupação com a qualidade do evento, com uma aparelhagem adequada e o cachê mínimo dos profissionais, por exemplo”, avalia o músico.

As rodas de samba do Renascença marcaram os sábados na frente do Mercado Central, por alguns anos, porém depois de alguns desentendimentos com os permissionários, o evento foi descontinuado. “Não temos nenhuma data no Mercado, por enquanto. Estamos abertos a conversar pra, pelo menos uma vez a cada semestre, estarmos na ‘nossa casa’”, comenta Azevedo.

Apesar disso, o músico diz, em nome dos seus companheiros, que o Renascença guarda com carinho aqueles dias. “Lembranças ímpares e gratidão pelo local, permissionários, pela Secult (em especial ao amigo Paulo Pedrozo) e por todos que por lá estiveram nos prestigiando”, fala Azevedo.

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