Com a sensação térmica de – 5ºC registrados pelo Centro de Pesquisa e Previsão Meteorológicas (CPPMet) da UFPel na madrugada desta terça-feira (1°), o pelotense tem buscado alternativas para se aquecer. Ficar ao sol, proteger as extremidades e tomar um chimarrão tem ajudado, mas para quem vive em situação de vulnerabilidade social, a ajuda vem dos outros. As autoridades já adotaram medidas para aliviar os efeitos desse inimigo invisível e a boa notícia é que ao longo da semana, as mínimas e máximas não serão tão baixas.
O meteorologista Henrique Repinaldo conta que quando os termômetros marcaram 1ºC de mínima em Pelotas, a sensação, por causa das rajadas de ventos do sul e oeste, foi de -5ºC, embora o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) tenha apontado -13ºC. “Refizemos os cálculos e não chegamos a essa temperatura. Mesmo assim o frio foi intenso”, considera.
A boa notícia é que, ao longo da semana, os dias gelados darão uma trégua com mínimas entre 5ºC e 6ºC e máximas em torno dos 15ºC. “Não é que sobe muito, mas comparado com os últimos dias, a tendência é de elevação.” Para hoje, Repinaldo aponta mínima em torno de 2ºC e máxima de 12ºC. “Já na quinta-feira, a mínima sobe para 4ºC com máxima de 14ºC”.
Alternativas
Para quem não está acostumado com uma máxima de 10ºC às 14h e precisa trabalhar na rua, o jeito é colocar várias camadas de roupa e ficar se mexendo para não congelar os pés. A vendedora Franciella Pereira Fiske, 31, optou pelo gorro e uma manta para encarar a manhã gelada no calçadão de Pelotas. Para aquecer o corpo, nos intervalos toma um café quente ou chimarrão. “Eu nunca tinha passado um frio assim”, confessa. Já o vendedor ambulante Cássio Silveira, 51, diz que o frio esquenta as vendas. “O pessoal compra touca, meias, luvas e meia-calça térmica para homem, que veio para substituir a famosa ceroula”, conta ele ao garantir que protege bem do frio. Nas farmácias, um artigo tem boa saída: a bolsa térmica, que custa em torno de R$ 25,00.
Costume
Já para quem vive outra realidade, e o dinheiro que ganha é para conseguir alimento, o frio já virou costume. Marcos (nome fictício), tem 21 anos e desde os nove é morador de rua. Ele diz que recebe ajuda das pessoas. “Eu me protejo com as cobertas que eu ganho. Quem anda pelo centro aqui também me dá comida”, confessa o jovem que não tem interesse em mudar de vida. “Eu tô legal na rua mesmo. Tá legal na rua”, admite.
Em Pelotas, a prefeitura vem adotando medidas para proteger essas pessoas com acolhimento emergencial e atendimento em saúde, além de campanhas de arrecadação de agasalhos e cobertores. Ao longo do ano a Secretaria de Assistência Social realiza o Serviço Especializado em Abordagem Social, quando são oferecidos serviços da Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade, como o Centro POP, para atendimento diurno, e a Casa de Passagem, para acolhimento noturno. Em junho, 182 pessoas receberam essa ação.
Saúde
A titular da Secretaria de Saúde, Angela Vitória, diz que a ação no momento é manter o atendimento em horário estendido em algumas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e na UBAI aos finais de semana. “Visando a identificação precoce das doenças respiratórias e prevenindo o agravamento dessa condição de saúde”, destaca. Também foi ampliada a busca ativa e aumento dos horários do Consultório na Rua.
Agasalho
Quem deseja doar roupas, a demanda maior é por peças masculinas. As doações podem ser entregues na praça Coronel Pedro Osório, 101, na Casa de Passagem, à rua Senador Mendonça, 269, esquina Professor Araújo, na Secretaria de Urbanismo, à rua Lobo da Costa, 520, nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e nas escolas da Rede Municipal.
Para quem precisa receber, a SAS, na rua Marechal Deodoro, 404, faz o encaminhamento do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) ou UBS de referência.
Albergue Noturno
A demanda no Albergue Noturno Adolfo Fetter varia conforme o dia. Atualmente a casa abriga 26 moradores de rua, e a procura tem aumentado consideravelmente com o frio, segundo a presidente Sônia Monteiro. A casa precisa de ajuda através de doação de café, óleo de cozinha e material de higiene e limpeza. “Nós sobrevivemos somente de doações”, destaca a presidente. A casa fica na rua Padre Felício, 320.
Serviço:
- Centro Pop – das 8h às 17h
- Casa de Passagem – das 17h às 8h – 100 vagas, com possibilidade de acomodar 150 pessoas, se houver necessidade.
- Emergência: Defesa Civil pelo telefone (53) 99700-7575 e o da Secretaria de Assistência Social (SAS) é (53) 99929-0314.