Foi lançado nesta segunda-feira (30) o trailer do documentário O mundo cabe em um Fusca. A obra, dirigida por Nauro Júnior, registra as suas incursões por 17 países e três continentes a bordo do Segundinho, um Fusca VW ano 1968, conduzido ao volante pelo próprio fotojornalista, de 2013 a 2018. As viagens aconteceram sempre com a companhia de um copiloto que além de parceiro, atuava como cinegrafista, o que permitiu mais de 500 horas de imagens, em diferentes países da América Latina, Europa e Rússia. Todo esse material foi transformado em uma narrativa, permeada de histórias do caminho, entrevistas e imagens.
A primeira viagem, no inverno de 2013, foi uma travessia da praia do Cassino até o Chuí pela orla da Zona Sul do Estado, que recebeu o título de A maior praia do mundo. “Naquela época ninguém viajava de Fusca, foi uma loucura que a gente fez, ainda mais num lugar que só passava carro 4×4”, relembra o fotojornalista.
Esse foi o início de um sonho: a Expedição Fuscamérica. A aventura seria contada em livro e num documentário. Mas o projeto não se encerraria ali, viriam outras viagens pelo mundo até 2015, na proposta inicial. “Estamos em 2025 e a gente não terminou a viagem ainda”, brinca o fotógrafo.
Material inédito
Todas as aventuras foram ricamente apresentadas nas redes sociais da própria expedição, do Nauro e da Gabriela Mazza, mulher do fotógrafo e companheira de aventuras e projetos. Mesmo assim, ainda tinha um grande material inédito, que está no documentário. “A gente queria cinema, literatura, porque nós tínhamos um propósito bem maior que o Fusca. Era o que a gente representava viajando de Fusca. Muita gente acha seu sonho impossível. Mas quando tu vê um maluco indo pra Rússia num Fusca, talvez não seja tão impossível assim”, fala.
Ao longo dos anos, para estimular quem acompanha as expedições, o Nauro Júnior e equipe teve o cuidado de compartilhar mais do que as viagens em si, mas também todo o processo de organização de cada um desses eventos. “Como tu faz para que isso aconteça? Tem muitas pessoas engajadas, envolvidas e essa era a grande história. O filme, com 1h50min, vai sutilmente mostrando isso. Se tu viajar ou ficar em casa, tu vais passar perrengues da mesma forma. Mas qual é o tamanho do teu sonho?”, questiona.
Perrengues
Nauro Júnior contou em detalhes a realização desses sonhos no livro A vida cabe em um Fusca, que dá base ao documentário. Tanto em uma mídia quanto na outra, o fotógrafo deixa claro que tudo são escolhas e que ele teve de abrir mão de muitas coisas para realizar outras. “Todo mundo ajudando, abrindo mão de alguma coisa. Foram muitos perrengues”, conta ele.
Na Rússia, por exemplo, foram tantas as encrencas que ele chegou a pensar em desistir. Mas quando lembrava de quantas pessoas estavam envolvidas na realização do projeto, quantas tinham sonhado com ele, parar não era uma opção.
Narrada em off pelo fotógrafo, a obra tem ainda depoimentos e entrevistas de quem eles foram encontrando pelo caminho. Mas Nauro Júnior diz que o ator principal do filme é o Fusca. “O cara que eu encontro andando a cavalo, no meio do deserto, que anda 15 quilômetros para levar o filho na escola, tem a mesma importância no filme do que o Pepe Mujica, do que o Daniel Drexler. O Fusca ia sendo esse nivelador social. As pessoas iam nos recebendo e abrindo suas portas e suas vidas, porque nós nos apresentamos de uma forma muito simples. Então elas se sentiam à vontade. Nós não estávamos lá como extrativistas, a gente estava levando um pouco de nós e quando íamos embora levava um pouco deles junto com a gente. Foi muito incrível o que a gente viveu nesses anos todos.”
A partir de agosto
Uma cópia do documentário foi entregue oficialmente à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac-RS) ontem. O filme tem a realização da Satolep Press e se consolidou através de Edital FAC Filma. Em 2022 o projeto Expedição Fuscamérica: 17 países em um Fusca foi contemplado e desde então está sendo realizada com recursos do Fundo de Apoio à Cultura – Pró-cultura RS FAC, Lei nº 13.490/10.
Em agosto o filme seguirá o caminho dos festivais de cinema, o primeiro será o 58ª Festival de Brasília, que acontece entre 12 e 20 de setembro. Legendado em português, espanhol e inglês, tem recursos de acessibilidade. Em Pelotas a obra será apresentada a convidados no dia 8 de agosto, em exibição no Cineflix. O roteiro é de Juliano Ambrosini e Nauro Júnior, além de Cintia Langie, como co-roteirista.
