Após um período de saldo positivo, a região Sul perdeu 239 postos de trabalho formais em maio, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Pelotas apresentou um pequeno saldo positivo, com 33 novas vagas, enquanto Rio Grande gerou 78 oportunidades de emprego.
Regionalmente, o fechamento de 403 vagas na agropecuária foi o principal responsável pelo resultado negativo no compilado que abrange os 23 municípios do Corede Sul. Para o economista e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Gabrielito Menezes, os números do cenário regional são preocupantes.
“A perda de 403 vagas é alarmante, pois representa quase o dobro das perdas de abril (-213) e afeta diretamente a economia de municípios menores, com efeito cascata sobre agroindústrias e o comércio local”, argumenta.
Apesar do leve saldo positivo de 33 vagas, o desempenho de Pelotas em maio também preocupa. O setor de serviços foi o que mais contratou, com 84 novas oportunidades, enquanto o setor industrial registrou um saldo negativo de 42 vagas.
O estoque total de empregos formais no município permanece em 66.285 vínculos.
Segundo Menezes, a expressiva queda de aproximadamente 88% na geração de empregos em Pelotas se deve à desaceleração no setor de serviços e à crise industrial acentuada.
“A desaceleração no setor de serviços em relação a abril chega a 64%. Esse fenômeno pode estar relacionado ao fim do ciclo de contratações temporárias pós-enchentes, à redução no consumo de serviços por conta do encarecimento de produtos básicos e à sazonalidade em setores como educação e turismo”, avalia.
Rio Grande, por sua vez, apresentou melhora relativa, com 78 vagas criadas em maio. A reativação do comércio, com 69 novos postos, demonstra o impacto positivo da retomada das atividades portuárias, o aumento do consumo em bairros afetados pelas enchentes e uma possível migração de consumidores de municípios vizinhos.
Alternativas
De acordo com Menezes, o cenário de Pelotas revela a urgência de um plano de revitalização industrial. “Também é necessário promover a diversificação econômica, a fim de reduzir a dependência de setores vulneráveis, além de criar políticas de atração de investimentos”, afirma o economista.
Para a região Sul, o desenvolvimento de políticas integradas voltadas à agropecuária, associado à criação de programas de qualificação profissional e ao estímulo à cooperação intermunicipal, são caminhos possíveis, pontua Menezes.
Com um cenário mais favorável, Rio Grande deve focar na manutenção do ritmo de recuperação pós-desastres e aproveitar sua vantagem logística portuária.
“Contudo, é preciso ter atenção a possíveis bolhas na construção civil”, recomenda.
Rio Grande do Sul
Em maio, o RS apresentou redução de 115 vagas formais, a partir de 132.690 contratações e 132.805 desligamentos no mês. Os cinco municípios com maior número de vagas formais criadas em maio foram Porto Alegre (1.397), Canoas (562), São Leopoldo (329), Erechim (238) e Triunfo (224).
Os serviços lideraram o ranking de empregos formais criados por grupamento de atividades no mês, com 2.307 novos postos. A indústria ocupou a segunda posição, com a geração de 415 vagas. Em seguida está a construção, com 355 vagas. Os setores do comércio e da agropecuária ficaram com saldo negativo no mês, com menos 90 e 3.102 vagas com carteira assinada, respectivamente.
Brasil
No país, no mês de maio foi registrado saldo positivo de 148.992 postos de trabalho, alcançando um recorde de 48.251.304 vínculos com carteira assinada. O saldo do emprego em maio foi positivo em todos os setores da economia, com destaque para o setor de Serviços, que gerou 70.139 vagas, crescimento de 0,30%; o Comércio com saldo de 23.258 (+0,22%); Indústria, com geração de 21.569 postos (+0,24%); Agropecuária, que gerou 17.348 (+0,94%) empregos; e Construção com 16.678 (+0,56%) vagas criadas no mês.