Para explorar as teias que envolvem desejos e emoções, a psicóloga clínica Rosiani Rossato promove um encontro no próximo sábado. O evento “Café com Afetos e Pulsões” reúne no Espaço de Arte Daniel Bellora (rua Três de Maio, 1.005), das 10h às 13h, especialistas e interessados para um diálogo sobre as forças que movem as pessoas. Com a proposta de entrelaçar o pensamento de Spinoza e as teorias de Freud, o encontro conta com a psicóloga Lisandra Osorio, que abordará a alegria e o desejo, e o psiquiatra Sérgio Lopes, que trará reflexões sobre as pulsões de vida e morte a partir do filme Druk.
O que a união dos dois pensadores Spinoza e Freud revela sobre os desafios atuais?
Minha escolha, inicialmente, é pelas pessoas que conheço e fazem um trabalho maravilhoso que auxilia outras pessoas a pensar de formas diferentes. Primeiro, convidei a Lisandra Osório, psicóloga clínica e da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (UFPel), Mestre e Doutora em Educação. Ela é estudiosa, entre tantos temas, de filosofia. Lisandra me falou sobre Spinoza e o desejo, a alegria e a tristeza. Então, conectei com os conceitos de pulsão de vida e de morte e convidei o Sergio Lopes, médico psiquiatra e psicoterapeuta, membro da Sociedade Psicanalítica de Pelotas (SPPel), para falar sobre isso. Estava feita a costura inicial de pessoas, temas, conceitos, autores que permitem trazer Freud e Spinoza, de uma forma compreensível e fascinante. Em um mundo marcado por crises de sentido, polarizações e sofrimento psíquico, Spinoza e Freud ajudam a pensar o que nos move, o que nos paralisa e como criar caminhos de transformação. Ambos nos convidam a olhar para dentro sem cair no individualismo, pois entendem o sujeito como inserido em uma teia de relações, forças, afetos, contexto histórico, cultura.
O que significa “encontro filosófico-meditativo”, na prática?
O evento é construído com o palestrante convidado e a Lisandra propôs o título e a forma de trabalho. Segundo ela, “encontro filosófico-meditativo” é uma forma de evidenciar que se trata de uma fala que aborda o modo pelo qual nos ocupamos do pensamento, ou seja, como o ato de pensar transita em nosso dia a dia, ou mesmo na prática clínica para quem é da área. Por isso não é preciso ter nenhum conhecimento prévio sobre o filósofo a ser mencionado.
Para quem este evento é mais indicado? Que tipo de pessoa se beneficiaria mais ao participar?
Costumo brincar, e é absolutamente verdadeiro, que a maioria dos eventos que estou organizando se destinam a quem quer “pensar na vida, no sentido da existência”, trecho de uma música do Vítor Ramil. Será um encontro para quem tem curiosidade, para quem percebe que tem algo mais que impede o crescimento, a satisfação das pessoas, para quem se interessa por filosofia, psicanálise, para quem gosta de refletir sobre o cotidiano.
Qual é a principal ideia que vocês esperam que os participantes levem para casa?
Isso que é o mais apaixonante da Psicanálise: não sabemos. Cada um vai levar para casa, construir ou desconstruir o que fizer sentido para si conforme suas experiências, referências, expectativas. Conversando com a Lisandra e com o Sergio sobre essa pergunta, pensamos que a grande questão é: para além de criar ou superar expectativas quaisquer, o nosso objetivo é convidar os participantes a olharem outras perspectivas, para pensarmos juntos, por meio dos encontros em meio à vida. Se pudermos deixar uma semente que possibilite pensar em novas formas de existir com maior liberdade num mundo tão enclausurado de dogmas econômicos, sociais, políticos, estaremos muito realizados com essa proposta.