Mais um recado

Editorial

Mais um recado

Mais um recado
(Foto: Jô Folha)

A natureza gaúcha mais uma vez enviou um recado: não estamos prontos. Em meio ao cenário de temor e preocupação, muitas interpretações podem ser feitas dessas últimas semanas, e a principal delas é que não houve grandes avanços em termos de prevenção de desastres naturais. Melhoramos nossa resposta, a comunicação e as ações de proteção, mas ficou claro que estamos à mercê de uma forte chuva ou de um caos perfeito, como o visto no ano passado, para novamente nos encontrarmos diante de uma tragédia humanitária.

O fato é que junho de 2025 nos trouxe o mais gritante aviso de que não mudamos o que realmente importa após maio de 2024. E foi um recado leve, diante do que pode acontecer, do que já vimos. Mais uma vez, perdemos vidas, vimos a logística de diversas cidades ser comprometida, pessoas precisando sair às pressas de suas casas e negócios e, aqui mesmo na região, a torcida por um vento que escoe a água para o mar.

Cenas como os sacos de areia em Porto Alegre e a mureta de areia no Laranjal mostram que, na prática, poucos evoluímos em termos de infraestrutura nesse um ano. São medidas paliativas que parecem causar muito mais um efeito psicológico do que prático. Todo mundo sabe que, se a Lagoa dos Patos subir, não vai ser uma parede de areia que vai conter a força das águas.

As saídas precisam ser bem pensadas, não impulsivas. A ideia de um “talho” na lateral do Estado para facilitar o escoamento para o mar, volta e meia ventilada, é bizarra. Causaria um desequilíbrio ambiental catastrófico. Precisamos, antes de tudo, acelerar o processo de desassoreamento de rios e canais, repensar a habitação em algumas áreas, mas, principalmente, reestruturar nossa própria relação com a natureza. Entender, de certa forma, nossa pequenez diante das forças imparáveis das chuvas, dos ventos e tudo mais. É natural sentir raiva e outras coisas, mas o pensamento racional deve imperar. Compreender o espaço que cada um deve ocupar e entender que, se não mudarmos algo, viveremos alternando entre verões escaldantes e de estiagem e invernos de ventania e enchentes.

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