Representando a Associação das Vilas Reunidas Fraget, o aposentado Cirio Machado Almeida, 74, participou neste final de semana da Conferência da Cidade, realizada pela prefeitura de Pelotas na Universidade Católica de Pelotas. A entidade, criada em 10 de maio de 1981, reúne moradores das vilas Farroupilha, Real, Aurora, Guabiroba, Elza e Treptow.
Além de participar da conferência, Almeida levou uma série de documentos, avalizados pelas assinaturas de 480 moradores, produzidos pela associação contendo reivindicações dos moradores das áreas que compõem a Fraget. O material contém solicitações ao poder público para a solução de problemas urgentes destas comunidades.
Quais são as principais reivindicações na área de transporte urbano dessas comunidades?
O que a Fraget levantou nas suas reuniões é a redução da oferta de transporte coletivo. A redução é visível, a gente tem ruas que tínhamos parada de ônibus com abrigo dos dois lados da via, hoje eles estão abandonados, porque não tem mais o transporte indo e vindo por aquela mesma rua. Não foram só os horários que diminuíram, as linhas também tiveram uma diminuição de 50%, se ela ia para uma direção por um lado, voltava pela mesma rua, pelo outro lado. Hoje não tem esse retorno.
E o calçamento das vias públicas, também é problemático?
Nesta região é algo extremamente carente, as ruas nestas áreas eu costumo brincar que têm mil buracos e dois mil esperando para entrar no lugar daqueles, de tão esburacadas. Temos ruas que não têm pavimentação nenhuma. A minha rua, a Eugênio Insaurriaga, eu moro nela há 44 anos, não tem nada. O que temos nessa região foram conquistas do movimento popular. Quando fomos para lá não tínhamos água, luz e nem rua. Naquela época havia um movimento popular muito forte, o Fraget nasceu em 1981, a partir de 52 famílias que habitavam onde hoje tem o núcleo dos edifícios da Guabiroba. Elas foram retiradas dali e jogadas para próximo, onde temos a rodoviária hoje, que é a Vila Farroupilha. Isso gerou um movimento muito forte. Nós devemos a organização e a existência hoje da Fraget a uma freira, a irmã Adelira. Foi por dentro da comunidade de base que nós nos reunimos e dali criamos a associação como instrumento de luta. A Vila Farroupilha tem luz hoje com o movimento feito pela Fraget. É uma história de luta muito bonita, tem personagens fantásticos, pessoas extremamente responsáveis. A Fraget dá nome a um posto de saúde, que fica em frente a ela (sede). A Fraget cria um processo dentro da economia solidária de autogestão. Nós temos uma cooperativa de separação de resíduos sólidos, autogestionável, ela sustenta em torno de 14 famílias. Tudo tocado pela Fraget.
Como está a situação das ligações de esgoto nessas comunidades?
Algumas ruas têm, acredito que a maioria não tem. Temos esgoto a céu aberto a 50 metros de uma escola pública, que a Doutor Ottoni Xavier (Escola Estadual de Ensino Fundamental), e quase essa mesma distância da caixa d’água, que tem um tanque subterrâneo. Essa é a realidade.
O que a Fraget levou para a Conferência da Cidade?
A gente trouxe para a conferência, que tem as suas características, como fizemos essa caminhada até chegar hoje. Trouxemos, para colocar nos instrumentos de solução dos problemas, as nossas carências. Elas são grandes, fortes e é necessário que a gente encontre soluções para os nossos problemas.
Quais são as suas expectativas com relação a Conferência da Cidade?
A gente sempre tem um sonho, se não, não se teria uma luta mais efetiva, mas também se a gente olha e vê que são seis Conferências e os problemas continuam… vamos fazer um movimento efetivo de diálogo com os órgãos municipais. Esse material que temos aqui está pronto para fazermos um primeiro contato na busca das soluções dos nossos problemas, que são muitos.