O Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (DenaSUS) se mostrou preocupado quanto à gestão da Santa Casa de Misericórdia de São Lourenço do Sul. O diretor do órgão, Rafael Bruxellas, esteve no local ontem para uma inspeção inicial, motivada por denúncias apresentadas pela prefeitura apontando irregularidades na instituição.
“Nossa preocupação é muito grande, porque há um aumento sistemático dos repasses do governo federal que estão sendo encaminhados para Santa Casa. Nós repassamos mais de R$ 15 milhões do governo federal, que o Estado encaminhou pra cá, de 2024 até maio de 2025. Essa é uma preocupação, se esse recurso está sendo aplicado”, argumenta Bruxellas.
A auditoria, iniciada em abril, já passou por uma fase analítica, quando foram estudados documentos relacionados aos repasses de recursos públicos e à prestação de serviços da Santa Casa. Agora, os técnicos do DenaSUS realizam, presencialmente, a verificação das informações detalhadamente, durante cerca de duas semanas.
A expectativa é de que, ao fim da auditoria – prevista para encerrar em agosto – sejam emitidas recomendações para corrigir falhas e subsidiar ações que restabeleçam o funcionamento pleno da Santa Casa.
“Todos os achados que a gente encontra nas auditorias apresentamos também recomendações de como resolver ou solucionar esses problemas, a não ser aquilo que diz respeito a danos ao erário, ou seja, há de fato danos ao erário, então a gente recomenda a devolução do recurso e, às vezes, as consequências fogem à competência [do Departamento Nacional de Auditoria]”, explica o diretor.
Situação do hospital
A crise da Santa Casa se intensificou nos últimos meses com a suspensão de atendimentos eletivos em dezembro de 2024 e a demissão coletiva de 25 médicos em março deste ano. Os profissionais alegaram não receber salários referentes a quatro meses. Sem reposição desses profissionais, a Santa Casa reduziu suas atividades, mantendo apenas o Pronto Socorro e os setores de hemodiálise, de clínica médica e psiquiatria.
“Nessa visita, nós identificamos que a capacidade tanto de ocupação dos leitos quanto de atendimento está muito defasada. Uma grande parte da população não está sendo atendida aqui, sobretudo o atendimento materno infantil”, destaca Bruxellas.
Plano de contingência
Como resposta à redução da capacidade de atendimento, a Secretaria Estadual da Saúde elaborou um plano de contingência para transferir pacientes ao Hospital São João da Reserva, localizado no interior do município, além de reforçar o serviço de ambulâncias para transporte a unidades de saúde em cidades próximas. No caso do Centro Obstétrico, as pacientes são encaminhadas para Canguçu ou Pinheiro Machado.