Prefeituras monitoram nível da Lagoa dos Patos

Cheias

Prefeituras monitoram nível da Lagoa dos Patos

Previsão de mudança de direção de vento e chuva para o final de semana podem causar alagamentos

Por

Prefeituras monitoram nível da Lagoa dos Patos
Régua no Trapiche do Laranjal indica estabilidade na lagoa. (Foto: Jô Folha)

Municípios da Zona Sul do Estado atingidos pelas cheias da Lagoa do Patos em 2024 estão em estado de alerta para a possibilidade de nova inundação, embora especialistas apontem que a situação é em menor proporção. Somente com as águas que escoam das bacias do Camaquã, Velhaco e São Lourenço do Sul foram suficientes para atingir as regiões mais baixas em Rio Grande, São José do Norte e São Lourenço do Sul.

Até o momento, ninguém precisou sair de casa, mas com o nível da Lagoa em elevação, previsão de chuva e mudança de direção do vento, as equipes estão de prontidão e já trabalham em planos de contingenciamentos. No final da tarde desta quarta-feira (25), havia relatos de aumento do canal do Cedrinho e avanço da Lagoa no Pontal da Barra.

Em Pelotas, a preocupação da Defesa Civil é atender as famílias que possam ser atingidas. Entretanto, a atenção maior será com a chegada do final de semana quando está previsto chuva e rajadas de vento.

De acordo com o coordenador Municipal da Defesa Civil, Milton Martins, as águas estavam pressionando São José do Norte, Mostardas e Tavares foram em direção à São Lourenço e Pelotas. “O São Gonçalo também represou e chegou a um metro e meio, o que não chega a preocupar, pois no ano passado o pico foi de 3,30 metros.” A prefeitura já se reuniu com as equipes de Hidrologia da UFPel e com a CPPMet que trabalham com cálculos volumétricos de todos os modelos. “Assim podem quantificar o volume da água e a ação dos ventos”, explica.

Para Martins, a avaliação inicial é que a cidade poderá enfrentar consequências no sábado em função da direção do vento que muda para o Leste. Como há previsão de chuva e rajadas de vento, a Prefeitura já trabalha com plano de contingência para esse final de semana. “Queremos mitigar os efeitos, se houverem, da elevação da Lagoa e do São Gonçalo.”

Pérola da Lagoa

Já em São Lourenço do Sul, o vento está sendo o grande vilão, pois dificulta o escoamento da água do arroio que já atingiu alguns pontos da estrada do Camping e próximo ao Sobrado. “Semana passada o vento nos ajudou. Mas agora a Lagoa está com um volume de água sensível”, comenta o prefeito Zelmute Marten. Nesta quarta, a vice-prefeita Fernanda Bork, juntamente com o professor da Furg, Eduardo Saldanha Vogelmann, estiveram monitorando as margens da Lagoa dentro da cidade e a preocupação é dentro de cinco dias. “O pico de elevação do Guaíba está ocorrendo hoje [ontem] e com isso, o nosso pico de elevação deve ocorrer em cinco ou seis dias. Portanto fiquem atentos aos informativos da Prefeitura”, alertou o professor.

Monitoramento em tempo real

Em Rio Grande, o secretário de Planejamento, Habitação e Regularização Fundiária, Glauber Acunha Gonçalves, anunciou o lançamento de um sistema de monitoramento em tempo real de cinco estações: uma em Arambaré, em São Lourenço do Sul, Pelotas, no Centro de Convívio dos Meninos do Mar (CCMar), em Rio Grande e em São José do Norte que apresentou problemas no final de maio por causa de um ciclone e precisa ser recuperada, assim como o da praia do Laranjal. A Secretaria conseguiu ainda autorização para instalar um equipamento na refinaria Riograndense, que vai monitorar o Saco da Mangueira, a partir da semana que vem.

“Com os sinais linígrafos [registros gráficos da variação do nível da água] da noite de terça-feira (24), foi bem presente o que mostrou a modelagem, ou seja, o vento Oeste, que não é favorável à correntes vazantes travando a água, sendo que o nível da Lagoa chegasse ao pico de 1,54 metros às 21h”, relata. Com isso, o nível passou dos 80 centímetros da régua do CCMar, o que já é suficiente para atingir ruas como Marechal Deodoro, canalete da Major Carlos Pinto e Padre Feijó, e em torno dos Navegantes, que são as áreas mais baixas. “Por sorte, o vento parou, depois foi para noroeste, e a curva mudou”, observa o secretário.

Neste cenário, o nível da Lagoa esvaziou 12 centímetros, o que pode ser considerado uma situação estável. “Medimos ainda uma corrente vazante na barra de 2,6 nós que expulsa muita água. O problema é que tem a previsão de voltar o vento Oeste”, lamenta. Na quarta-feira, o nível da Lagoa estava em 1,19 metro às 6h30min e às 16h havia subido para 1,33 metro.

“A expectativa é de atenção, pois nem estamos falando da chuva que aumentou o nível do Guaíba. Somos muito sensíveis ao comportamento dos ventos. Se soprar vento Sul por muito tempo, seria um cenário muito crítico, caso a lagoa esteja cheia.” Diariamente serão lançados dois boletins meteorológicos e com informativos sobre os atendimentos. O das 13h de ontem acenava para uma situação tranquila com o nível da Lagoa a 12 cm abaixo da cota de inundação, pelo Radar da Furg.

São José do Norte

A prefeitura de São José do Norte e a Defesa Civil não descartam novos alagamentos e acionaram o plano de contingência, por causa da elevação do nível da Lagoa dos Patos. Os moradores próximos ao estuário estão sendo orientados a redobrar a atenção. Ontem as equipes atenderam mais de 15 chamados diversos locais da cidade com pedidos de lonas, aterro e barreiras de contenção. O tráfego nas ruas próximas à Lagoa está interditado.  “Estamos organizando contenções nas áreas de riscos e dando suporte para os moradores dessas áreas na tentativa de mitigar os efeitos”, destaca a secretária geral de Governo, Richelle da Matta.

Imagens de satélite

Uma ferramenta que tem auxiliado nas ações de prevenção é o Instagram do Laboratório de Oceanografia Dinâmica e por Satélites (Lods), coordenado pelo professor Instituto de Oceanografia da Furg, Fabricio Sanguinetti Cruz de Oliveira. Com o objetivo de divulgar conteúdo científico, pesquisas desenvolvidas pelo grupo e conteúdos relacionados, nas enchentes do RS, passaram a monitorar a pluma de material em suspensão (sedimentos) ao longo do Lago Guaíba e Lagoa do Patos. “Neste evento agora não é diferente, e o objetivo é mostrar as áreas inundadas e monitorar os sedimentos ao longo dos corpos d’água, desde o Guaíba até o extremo sul da Lagoa dos Patos, chegando aos molhes de Rio Grande”, explica.

Previsão de chuva

De acordo com o meteorologista do CPPMet, Lucas Mendes, a tendência é de chuva entre a tarde e noite do sábado e todo domingo. “Teremos instabilidade e a formação de um ciclone tropical atuando na Costa do Rio Grande Sul. Além disso, teremos rajadas de vento”, prevê. A segunda-feira será ainda ventosa e após, os dias na Zona Sul, ficam estáveis e bastante frios com uma sequência de sol aparecendo entre nuvens.

Acompanhe
nossas
redes sociais