Em Pelotas, cerca de quatro a cada dez pessoas que estão tirando a habilitação para a categoria B são reprovadas no exame prático. Entre as quatro maiores cidades do interior do Rio Grande do Sul (Caxias do Sul, Canoas e Santa Maria), o município tem o menor índice de aprovação (64,4%) de alunos na primeira prova para conduzir automóveis.
O levantamento com dados do Detran considera o período em que os renachs (Registro Nacional de Carteira de Habilitação) foram abertos, entre julho de 2021 e junho de 2022 e os exames realizadas entre julho de 2021 e junho de 2023. Com 73,7%, Santa Maria lidera com a maior média de aprovações deste recorte. A cidade é seguida por Canoas, com a taxa de 72,9% e por Caxias do Sul, que tem o índice de 66,2%.
Embora Pelotas tenha o pior percentual de aprovados entre as cidades do interior, o município ainda tem um desempenho melhor do que Porto Alegre (62,4%). Na capital são 34 Centro de Formação de Condutores (CFC), enquanto em Pelotas são quatro. Diretor de um desses CFCs da cidade e com mais de dez anos de experiência como instrutor da categoria B, Samuel Krause, atribui alguns fatores para as reprovações.
Local de prova, nervosismo e desrespeito
O estado emocional do aluno durante o exame prático é a primeira circunstância apontada por Krause. Em muitos casos, o futuro condutor tem um bom desempenho nas aulas, no entanto, o nervosismo durante a avaliação acarreta alguma falha eliminatória. “Assim como tem aqueles que nem estão tão preparados, mas na hora [do exame] mantém a tranquilidade e por isso são aprovados”, cita.
Valdirene Silveira, 36 anos, foi uma dessas pessoas com o desempenho afetado pelo nervosismo. Junto a insegurança, ela tinha que lidar com os desafios impostos pelo Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e diante disso a analista financeira teve que realizar 13 exames até ser aprovada. Situação que abalou o emocional da motorista e impactou o financeiro. “No início achava que não era capaz, mas agora ando por tudo”, diz. Hoje ela tem a CNH B definitiva há mais de um ano.
O instrutor também aponta a falta de respeitos dos condutores de automóveis e de ônibus com os carros das autoescolas como outro empecilho para o desempenho adequado da prática. “Situações que ocorrem: o aluno parado na placa de pare, que seria o correto, e o pessoal fica buzinando atrás e muitas vezes o candidato está fazendo o exame dele”.
Ele acrescenta ainda que na avaliação da categoria B há a possibilidade de ocorrer imprevistos no trânsito e diante dessas situações, geralmente o aluno não tem a destreza para o deslocamento ágil, o que acaba ocasionando uma falta eliminatória.
Na avaliação do instrutor, diferentes elementos contribuem para as reprovações, sendo cada situação condicionada ao contexto do aluno. No entanto, para Krause, ser aprovado após mais de uma prova não tem relação direta com as habilidades do futuro motorista, nem corresponde a um impacto ruim no trânsito.
Taxa média de aprovação das quatro maiores cidades do interior do RS
- Santa Maria (3 CFCs): 73,7%
- Canoas (5 CFCs): 72,98%
- Caxias do Sul (12 CFCs): 66,29%
- Pelotas (4 CFCs): 64,4%
Média de aprovação por CFCs de Pelotas
- 69%
- 60,7%
- 63,3%
- 64,6%