Cenário de cheias é mais leve do que no ano passado, avaliam especialistas

Na Zona Sul

Cenário de cheias é mais leve do que no ano passado, avaliam especialistas

Monitoramento indica menor risco de inundações e chegada das águas em até 10 dias

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Cenário de cheias é mais leve do que no ano passado, avaliam especialistas
Rio Grande registrou alagamentos nesta semana. (Foto: Divulgação)

Parte do Rio Grande do Sul enfrenta novamente um estado de alerta para a cheia de rios, causada pela chuva persistente e volumosa que atinge principalmente as regiões Central, Norte, dos Vales e Metropolitana, desde a segunda-feira (16). Até o final da tarde desta sexta-feira (20), a Defesa Civil Estadual havia reportado 98 municípios afetados, três mortes e mais de seis mil pessoas fora de casa por conta dos temporais.

Na região Sul, a preocupação é o caminho que estas águas percorrem até chegar ao oceano, que no ano passado causaram enchentes nas cidades no entorno da Lagoa dos Patos. No entanto, especialistas afirmam que o cenário atual é mais positivo para a Zona Sul do que em maio e junho de 2024.

Segundo as expectativas, a água de rios e lagoas mais ao norte do Estado devem chegar à região entre cinco e oito dias. Por conta disso, o monitoramento realizado pela Defesa Civil Regional (CrepDec 4), defesas civis municipais e pesquisadores da UFPel e Furg, seguem constantes. Nenhuma situação de maior alerta foi informada pelas autoridades.

Monitoramento integrado

De acordo com o responsável pela Defesa Civil Regional, Márcio Facin, o trabalho está sendo desenvolvido de maneira integrada com as cidades da zona sul e, neste momento, a preocupação é com cheias em mananciais por conta do alto volume de chuva que atinge a região desde a quarta-feira (18). “A chuva foi bem significativa, mas nós não temos nenhuma ocorrência”, afirma.

Em nota, a Defesa Civil de Pelotas afirma que atua, junto ao Sanep, para minimizar os transtornos causados pela chuva dentro do município. Além disso, garante que as sete casas de bombas, responsáveis por dar vazão às águas, estão em pleno funcionamento. O mesmo é reforçado pela Defesa Civil de Rio Grande.

Em São Lourenço do Sul, o órgão afirma que monitora a elevação no nível dos arroios e da Lagoa dos Patos, mas que estão dentro da normalidade. Foram registrados alagamentos em decorrência da chuva, mas nenhuma família precisou ser removida.

Dentro da previsão hidrológica para o Guaíba, no boletim emitido pela UFRGS na quinta-feira, o cenário mais pessimista indicava que o nível poderia chegar a 3,5m, cerca de 1,9m a menos do que o pico registrado no ano passado.

Rios da Zona Sul

A hidróloga e coordenadora da pós-graduação em Recursos Hídricos da UFPel, Tamara Beskow, afirma que os principais mananciais da região Sul estão respondendo bem aos eventos de chuva dos últimos dias, comparados a outras regiões. Alguns arroios chegaram a apresentar níveis de cheia, mas a previsão de melhora das condições climáticas durante o final de semana afasta a possibilidade de enchente na zona sul.

Até a sexta-feira, o Rio Piratini chegou à marca de 5,6m e já encontrava-se em baixa (a cota de inundação é de 12m em Cerrito); o Canal São Gonçalo chegou a 1,05m, um pouco acima da média, mas na inundação de maio de 2024 ultrapassou os 3m; e o Rio Jaguarão encontrava-se em normalidade.

O Comitê de Eventos Extremos da Furg continua atuando no monitoramento da elevação da Lagoa dos Patos na zona sul. Na avaliação do professor Glauber Gonçalves, um dos responsáveis pelo grupo, o volume de água registrado não é suficiente para elevar o nível a ponto de produzir algum risco para a região. “Estamos trabalhando com a expectativa de que o volume de água que está descendo é muito grande para a calha dos rios da parte de cima do Estado, mas a Lagoa dos Patos acaba atenuando esse volume, pois tem mais capacidade de assimilar essa quantidade”, afirma.

Próximos dias

Neste final de semana, a tendência é que o sistema de baixa pressão que está atuando sobre a região, dê lugar ao ingresso de uma massa de ar fria e mais seca. “Isso vai nos dar condições aí no final de semana, inclusive no início da semana que vem, de tempo mais estável, com menor quantidade de nebulosidade, com baixa chance de ocorrência de chuva, mas também vai trazer essa massa de ar frio que vai provocar um declínio nas temperaturas”, avalia o meteorologista do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (CPPMet) da UFPel, Henrique Repinaldo.

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