Mais uma vez, Brasília deu uma bola nas costas da esperança da região ao adiar a análise de vetos presidenciais e, consequentemente, travar mais uma vez o retorno da Usina Termelétrica Candiota 3. Com isso, nos aproximamos de meio ano da planta operando sem contrato – apenas com regime merchant, sem um fornecimento fixo – e a economia de uma cidade inteira dependendo da boa vontade de uma Medida Provisória, que foi alardeada pela própria base do governo federal como solução, mas que segue engavetada em algum lugar da Casa Civil.
Quando a economia de uma cidade inteira não é vista como prioridade pelos níveis “acima” de governo, não há caminho que não questionar como a política representativa nos traz buracos. Apesar de ser o modelo mais sólido, e isso não está em questionamento, depender da boa vontade, do lobby, da conversa e tudo mais para obter recursos e soluções é um dos grandes furos do nosso sistema. Vivemos isso diariamente, com os hospitais dependendo das emendas parlamentares para tudo, por exemplo. Em todos esses casos, é preciso que seja mais político do que se espera para um administrador de entidade, por exemplo. Que se faça o jogo de apoio, suporte, base e outras palavras que estão bem presentes no vocabulário politiqueiro.
As pesquisas que colocam a descrença da população nas instituições vêm com um argumento sólido quando se vê essas situações. Se um canetaço pode travar ou destravar uma cidade inteira, e isso depende única e exclusivamente de boa vontade de uma figura, é óbvio que o nariz ficará torcido. Pouco é feito com base lógica ou técnica atualmente. Até para conseguir um leito de internação ou a rua de casa sem buracos as pessoas já entendem que o caminho mais curto é acionar um político, e não contar que o poder público fará o que é necessário e sua obrigação. Isso tudo, sem dúvidas, gera desânimo. A única solução é tentar ampliar a representatividade da região em níveis maiores, em Brasília, Porto Alegre e até no Senado. Se não, seguiremos dependendo de uma caridade nada caridosa.