Produtores rurais voltaram a se reunir nesta terça-feira (17), no quilômetro 62 da BR-392, entre Pelotas e Rio Grande, para protestar pela securitização das dívidas do setor agropecuário. A mobilização pacífica ocorre pouco mais de uma semana após o primeiro ato no mesmo local e segue nesta quarta-feira (18) com interdições no fluxo de veículos a cada 15 minutos.
Desta vez, a convocação para o novo protesto partiu de um encontro que reuniu cerca de 120 agricultores, representantes de mobilizações em diversas regiões do Estado. A decisão foi tomada após a avaliação positiva sobre a repercussão do primeiro ato realizado no local. O movimento busca pressionar o governo federal por medidas de alívio financeiro aos produtores, especialmente os afetados por perdas climáticas.
No vídeo de chamamento, um dos líderes do movimento explicou que inicialmente estava previsto um “tratoraço” em Porto Alegre para terça e quarta-feira. No entanto, diante do impacto da manifestação em Pelotas, o grupo optou por concentrar novamente os esforços na Região Sul.
Conforme a lista de adesão ao movimento, representantes de pelo menos 20 municípios do RS apoiam a mobilização. Canguçu lidera em número de representantes, com mais de 20 nomes listados, seguida por Pelotas, Cerrito, Piratini, Rio Grande, Arroio Grande, Herval e Pinheiro Machado.
Também há produtores de Bagé, Pedras Altas, Capão do Leão, Turuçu, Arroio do Padre, Dom Pedrito, Hulha Negra e Morro Redondo, além de grupos organizados de cidades mais distantes, como Alegrete — com 24 pessoas confirmadas — e Cruz Alta, que já soma 20 participantes. Caçapava do Sul também confirmou a ida de um ônibus com manifestantes.
Parcelamento das dívidas
A produtora rural Luciane Agassi, de Tapes, explica que a proposta central do movimento é o parcelamento das dívidas em até 20 anos, como forma de garantir o pagamento com o próprio trabalho dos produtores. Ela destaca que os agricultores poderiam estar pedindo anistia, diante das perdas causadas pelas catástrofes climáticas, mas optam por buscar apenas prazo. “Nós não queremos deixar essa dívida para a sociedade”, diz.
Apoio de entidades
Luciane comenta a importância da união com as instituições, além do apoio de prefeituras e federações. Ela reforça que a dimensão da catástrofe exige uma resposta igualmente ampla e solidária: “Todos precisam se unir justamente para conseguir solucionar essa gravíssima crise que está passando o setor.”
As entidades alertam que a crise no campo, intensificada por estiagens e pelas enchentes de 2024, compromete a sobrevivência da produção agropecuária e a arrecadação dos municípios. O prejuízo total estimado entre 2020 e 2025 já soma R$ 92,6 bilhões, sendo R$ 28 bilhões em dívidas com vencimento em 2025. Para a Famurs, a gravidade do cenário exige ação imediata e união suprapartidária para garantir a recuperação econômica do setor e da economia gaúcha.