Com financiamento da Lei Paulo Gustavo, a Cia Cem Caras de Teatro, do IFSul Câmpus Pelotas, dá início ao projeto de circulação da peça Nadim Nadinha contra o Rei de Fuleiró, uma comédia política de Mário Brassini, com direção de Flávio Dornelles. A temporada começa hoje, em Pedro Osório, na Emef Getúlio Vargas, às 20h, integrando a programação de encerramento da Semana Municipal de Cultura e Educação.
A peça do repertório do grupo estreou no final do ano passado em comemoração aos 50 anos de criação do teatro do IFSul, na época Escola Técnica Federal de Pelotas, no ainda chamado Desilab. O espetáculo foi escrito na década de 1970, durante a Ditadura Militar.
A turnê ainda passará por Rio Grande e São Lourenço do Sul, cidades que enfrentaram as enchentes do ano passado. Porém ainda não foram acertadas as datas.
Riso e reflexão
Apesar de ser uma comédia, o texto de Mário Brassini crítica as relações de poder nas quais há opressores e oprimidos. A história apresenta o povoado de Fuleiró. Lá moram Nadim, sua mulher e o rei despótico e demagogo, personagens de um tempo indeterminado, que vivem uma realidade absurda e grotesca, onde se comemora o tempo todo, sem pausa para reflexão.
É neste cenário que Nadim deflagra um enfrentamento ao poder ao gritar palavras de ordem. Como não se retrata, é condenado.
No elenco estão Lucas Reis, Alexia Porto, Eduardo Xavier, Niege Heckler, Guilherme Hornke, Darlan Braga, Livia Martins, Evelyn Caipu, Franklin Barbosa, Anaí Brauner, Lorenzo Fernandes e Luís Filipe Figueredo. A equipe técnica conta com Felipe Vieira (contra-regra), Andrew Borges (sonoplastia) e Sandro Andrade (design gráfico), com iluminação e direção assinadas por Flávio Dornelles.
Expansão do teatro
“Nossas apresentações sempre foram locais e a possibilidade de expandir a nossa arte é algo muito importante para a divulgação da cultura de Pelotas e do grupo Cem Caras”, diz Niege Heckler de Siqueira, 44, que interpreta a Ministra Especial de Fuleiró. A atriz está no grupo desde 2022, por causa do filho, que é aluno do IFSul, e da irmã, servidora da instituição.
A partir do contato inicial de ambos com o grupo, Niege foi conhecer as oficinas e, logo em seguida, passou a fazer parte do Cem Caras. Feliz com o projeto de circulação, segundo o diretor Dornelles, o primeiro após muitos anos. “Ainda mais com uma peça cujo texto é extremamente reflexivo sobre questões políticas que ainda fazem total sentido na nossa realidade atual, embora tenha sido escrita no final dos anos 70”, comenta a atriz.