“Vai ser um show lindo, estamos entusiasmados”

Abre aspas

“Vai ser um show lindo, estamos entusiasmados”

Kleiton, Kledir e Vitor Ramil - Irmãos e músicos

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“Vai ser um show lindo, estamos entusiasmados”
Irmãos sobem juntos ao palco em Pelotas pela primeira vez. (Foto: Divulgação)

Daqui a um mês, os irmãos Kleiton, Kledir e Vitor embarcam em uma nova experiência no palco do auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, e no dia seguinte no Theatro Guarany, em Pelotas. Os três apresentam formação inédita e com a proposta de se divertirem no palco, além de levar ao público o vasto repertório dos Ramil, como canções que vão desde o início da dupla com a banda Almôndegas, da carreira de 50 anos de K&K de Vitor Ramil e da Casa Ramil. A reportagem conversou com o trio que fala um pouco dessa experiência. O show será no dia 12 de julho, às 21h no Theatro Guarany. Os ingressos à venda no Studio Home e sympla.com.br.

Quais as principais semelhanças e diferenças no estilo de música entre Kleiton e Kledir e Vitor Ramil?

Kleiton Ramil: Vitor é nosso irmão mais novo. Somos de gerações diferentes, portanto há influências diferentes na nossa formação cultural. Kledir e eu fazemos parte de um processo cultural, anos 70, quando tudo ainda estava por ser descoberto, em relação a uma nova música popular gerada no sul do Brasil. O folclore gaúcho, a música erudita, a música latina e a música brasileira em geral foram nossas fontes de inspiração, de onde geramos uma obra original. Buscamos fazer uma música que fosse entendida em todo País, mas que preservasse elementos da cultura do sul. O Vitor, dez anos mais moço que eu, acompanhou tudo isso que acontecia com os irmãos mais velhos, mas teve oportunidade de escutar muitos outros artistas e ter outras influências que a dupla não teve. Percebo que há muitas semelhanças entre o que criamos e do que gostamos. A busca pela qualidade de uma boa música popular sempre existiu no Vitor e em nós. Os festivais de música e outros acontecimentos dos anos 70 tornaram K&K artistas que visavam atingir grandes públicos, sem perder, como falei, a qualidade do que era apresentado. Vitor, por sua vez, trilhou um caminho mais sofisticado, de certa forma dando sequência ao que nós começamos, mas seguindo adiante através de canções extremamente elaboradas, nas letras, melodias e harmonias, sem falar de pesquisas aprofundadas na cultura do Sul. Quando falo elaboradas não significa intrincadas. Algumas de suas obras até são experimentais, ousadas, mas outras são simples, porém com um grau de sofisticação que não é fácil de ser conquistado. Em resumo, pode-se dizer que a obra de Kleiton & Kledir e de Vitor Ramil são muito parecidas, ou complementares e ao mesmo tempo, totalmente diferentes.

Como será montado o repertório, o que vai ser levado em conta? Vai ter sucesso dos três?

Kledir Ramil: Juntando tudo o que já gravamos até hoje dá uns 40 discos, ou seja, quase 500 músicas. É bem difícil escolher apenas algumas para montar um show. A ideia inicial foi encontrar os pontos em comum entre o repertório de Vitor e K&K. O que cada um admira na obra do outro e gosta de cantar. A busca dessa identidade comum nos levou inevitavelmente ao começo de tudo, quando Kleiton e eu estávamos começando com Almôndegas e o Vitor era um guri curioso que assistia todos os ensaios e shows. Como a banda está completando 50 anos de lançamento do primeiro LP, vai acontecer, é claro, uma homenagem. Além disso, o espírito desse começo de tudo lá nos anos 70 acabou contaminando nossas escolhas e o show vai ter essa sonoridade acústica, típica de uma época analógica em que nem se falava de mundo digital, algoritmo e Inteligência Artificial. É claro que vamos cantar nossos sucessos, mas também vamos apresentar surpresas, como músicas de artistas que foram importantes na nossa formação. Vai ser um show lindo, estamos entusiasmados.

Como é hoje em dia fazer música e se há a preocupação que ela vai emplacar? Para quem o trio compõe?

Vitor Ramil: Com o fim dos formatos físicos como preferenciais para escutar música, tanto a produção como a recepção de música está mais dispersa, sem falar que o volume de lançamentos aumentou brutalmente. Tem-se a impressão de que poucos ouvintes param para ouvir um disco ou mesmo uma canção inteira. A música passou a fazer parte de um pacote de entretenimento. Eu nunca me preocupei se uma canção ia “emplacar” ou não. Nunca pus meu foco no mercado. Para nenhum de nós há um público-alvo no ato de composição. Chegar ou não às pessoas é um segundo momento, e não depende apenas da canção.

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