A Câmara de Vereadores de Pelotas começou a nova legislatura com um clima conflituoso entre os próprios parlamentares e com o governo do prefeito Fernando Marroni (PT). Eleito em uma composição de situacionistas e opositores, o presidente do Legislativo, vereador Carlos Júnior (PSD), tem a missão de apaziguar a situação da Câmara.
Somente nos primeiros cinco meses do ano, a Câmara já viu dois vereadores sendo alvo de processos na Comissão de Ética – um deles denunciado à Justiça –, a abertura de uma CPI para investigar um contrato superfaturado no Sanep. Tudo em meio à diversas discussões internas e críticas ao governo.
Em entrevista, Carlos Júnior reconhece que mediar as disputas internas é um desafio diário. “Temos que pensar na imagem do poder Legislativo, porque a gente está aqui pelas pessoas, pela cidade. Sabemos que vai ter disputas, discussões, divergência, é normal, mas temos que manter o respeito”, afirma.
“Os vereadores têm que entender que a gente representa a cidade. Senão, vamos passar quatro anos aqui dentro discutindo um com o outro, e não buscando soluções para os problemas da cidade”, afirma o presidente.
Há duas semanas, uma sessão precisou ser suspensa após um bate-boca entre vereadores. “No momento em que não tivermos mais condições de ter uma sessão, não vai ter sessão. Não podemos mostrar uma imagem negativa do Legislativo”, assegura o presidente.
Sobre o vídeo falso do vereador Cauê Fuhro Souto (PV) divulgado por um assessor do governo, Carlos Júnior afirma que, após a denúncia, entrou em contato com a secretária de Governo, Miriam Marroni. “Ela, de pronto, deixou bem claro que não compactuava com qualquer situação”, afirma.
A Câmara também divulgou uma nota de repúdio ao vídeo falso. Na mesma linha, o presidente criticou o material falso. “Temos que ter respeito com todos os parlamentares, e principalmente com o poder Legislativo. Sempre que houver alguma situação contra algum parlamentar, vamos tomar todas as medidas cabíveis dentro da nossa esfera”, disse.
Diálogo com o governo
Uma das principais críticas dos vereadores é a dificuldade no diálogo com o governo. O presidente reconhece que a relação precisa melhorar e que é necessária uma atitude mais proativa do governo para apresentar projetos. “O diálogo é o mais importante para nós acharmos um meio termo para que as pessoas se sintam beneficiadas e a cidade ganhe com isso”, afirma.
Atualmente, o principal projeto do governo em tramitação na Câmara é o do financiamento de R$ 125 milhões para a construção de duas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE). “É um projeto importante para a cidade, sabemos que é um empréstimo, mas acredito que as pessoas têm que entender a importância que tem para o saneamento básico. Com essa melhor comunicação da prefeitura e a articulação dentro do poder Legislativo, acredito que em breve esse projeto vai ser apreciado”, projeta Carlos Júnior.
Gestão da Câmara
Quando assumiu a presidência da Câmara, Carlos Júnior encontrou um passivo de R$ 1,4 milhão em rescisões de funcionários e despesas atrasadas. Segundo ele, todas as contas já foram pagas e o gasto com diárias está sob controle. Até o final de maio, a Câmara pagou R$ 533 mil em diárias, um valor 34,8% menor do que no mesmo período do ano passado.
“Agora, estamos fazendo um levantamento para saber quanto que o poder Legislativo conseguiu trazer, principalmente com essas idas a Brasília. Provavelmente, vai ficar em torno de R$ 4 milhões a R$ 5 milhões”, afirma.
Sede própria
Questionado sobre a construção da sede própria da Câmara, em um terreno no Parque Una, o presidente afirma que será realizada uma nova licitação para a elaboração do projeto da obra. “Tentamos manter os mesmos preços de 2023 com as empresas que foram contempladas, mas uma empresa não aceitou e todas foram comunicadas. Vai ter um novo processo, que já está em andamento”, afirma.