O vereador Cauê Fuhro Souto (PV) foi vítima de um vídeo falso, gerado por inteligência artificial (IA) e divulgado neste final de semana por Diego Fonseca, que era diretor executivo da secretaria de Governo de Pelotas. O vídeo de 13 segundos manipula a voz e a aparência do vereador para dizer algo que ele não falou, através de uma tecnologia de deepfake. Na manhã desta segunda-feira, a secretária de Governo Miriam Marroni confirmou a exoneração de Fonseca.
O conteúdo foi compartilhado na madrugada de domingo. A Câmara de Vereadores e partidos políticos divulgaram notas de apoio ao vereador. Cauê afirma ter registrado boletim de ocorrência, buscou a Comissão de Direitos e Prerrogativas da Câmara e levou o caso à Polícia Federal. O governo ainda não comentou o caso.
Horas depois de o vídeo ser compartilhado, Fonseca publicou o material em suas redes sociais reconhecendo que o conteúdo é falso e dizendo que isso é perceptível “porque o texto é ridículo e ninguém acredita nele”.
“Postei esse vídeo falso aqui para alertar desse perigo e para mostrar a este vereador que é campeão de espalhar notícias falsas do perigo que é entrar nesse jogo”, diz o texto publicado por Fonseca, que também alega ter sido acusado falsamente por Cauê. Procurado, Diego afirma que o atrito é entre ele e o vereador e que “não é sobre governo e Câmara como ele tenta alegar”.
Solidariedade
Em nota, a Câmara repudiou a veiculação de conteúdos falsos que “atingem diretamente a honra do vereador” e “atentam contra a dignidade do Poder Legislativo”. O texto classifica como uma ação covarde, criminosa e atentatória aos princípios democráticos.
“A propagação de inverdades por meio de tecnologia avançada, com o claro intuito de enganar a população, configura grave ameaça à saúde do debate público e à confiança nas instituições”, diz a nota do Legislativo, que encerra dizendo que tomará medidas para responsabilizar autores e disseminadores do conteúdo.
O PP divulgou uma nota em que repudia a divulgação do vídeo falso como “mais um ataque irresponsável à verdade”. Em nota assinada pelo presidente Márcio Souza, o PV estadual repudiou os “ataques criminosos, antidemocráticos e covardes”.
Inquérito no MP
Além do vídeo, Diego Fonseca também é acusado de ter compartilhado uma montagem em que aparece o número do inquérito do Ministério Público (MPRS) em que o Cauê Fuhro Souto foi denunciado por falsidade ideológica no caso de uma emenda de R$ 625 mil. Segundo a assessoria do vereador, o tema também será levado ao Ministério Público “pois o Diego ao encaminhar documentos que tinham sigilo acaba fazendo obstrução de justiça”. O inquérito, no entanto, não está mais sob sigilo.