Há mais de de 27 anos em atividade no Rio Grande do Sul, o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) já formou milhares de alunos das escolas. E na região do 4º Batalhão de Polícia Militar não é diferente. Ação voltada para transformar a vida de crianças em relação à prevenção primária, também é responsável por modificar a vida de quem leva o conhecimento para a sala de aula. Em Pelotas, a soldado Caroline Carvalho de Carvalho, da Comunicação Social do 4°BPM, juntamente com os soldados Vilela, Lorenzato e Sidnei, está à frente do Proerd na formação de multiplicadores do bem.
Qual a sua relação com o Proerd?
Eu acredito que tanto a minha relação, quanto a dos demais instrutores, acaba sendo de um orgulho e compromisso imensos. A gente passa por um curso de formação de instrutores de aproximadamente duas semanas, para então poder estar em sala de aula com essas crianças, e levar conhecimento. Quem é instrutor do Proerd acredita tanto na força que o programa tem quanto no poder que a educação possui. Sem dúvidas, a atuação policial na Brigada Militar possui diversas frentes que levam à prevenção. A guarnição que está na rua trabalhando, ela está ostensivamente se mostrando para a sociedade para que a ação primordial dela seja a prevenção de delitos. E o Proerd nada mais é do que isso, levar para dentro da sala de aula esse papel educacional da prevenção. Então acredito que cada instrutor que atua no programa, sem dúvidas, acredita que é uma das partes mais significativas da nossa atuação, porque ele nos gera possibilidade de esperança de um futuro diferente para essas crianças que estão inseridas no projeto.
Como é trabalhar com crianças sobre um assunto difícil que é o combate às drogas?
Eu acredito que sem dúvidas é um tema desafiador, mas de extrema necessidade e eu sempre falo que o Proerd é muito mais do que falar sobre combate às drogas e à violência. A gente introduz esse conteúdo para as crianças com uma linguagem acessível, com atividades lúdicas, criando confiança. A Brigada Militar e a escola se integram à família e às crianças de modo geral. Quando o conhecimento chega de uma forma leve, elas sempre se tornam muito receptivas, curiosas, com vontade de aprender. Acredito que o conhecimento é repassado da melhor forma possível e recebido muito bem. Tanto é que se formos pensar em informações sobre drogas, nós temos somente no currículo do quinto ano, pois dentro das 10 lições que são apresentadas para as crianças, somente uma delas fala sobre fatos e efeitos das drogas, quando se traz toda uma questão de saúde, de como elas comprometem o corpo, alguns fatos sobre drogas, que inclui álcool e o cigarro, que são drogas lícitas, e desmistificam diversas curiosidades deles.
O que mais te inspira a fazer parte do Proerd?
O Proerd modifica o instrutor e modifica o aluno, sabe? Ele causa uma possibilidade e uma esperança de que aquele conhecimento que tu estás levando para a sala de aula vá ser entendido, assimilado e utilizado na vida prática deles. Porque a maioria das instruções fala de situações reais e situações no cotidiano deles: recreio da escola, da saída da escola, dos amigos da internet. Então são situações que eles aprendem e pensam como lidar antes mesmo delas acontecerem. Então torna o ambiente muito mais confortável para eles saberem dizer não, ele saber como explicar porque que não querem tal coisa e saber se posicionar frente a uma oportunidade negativa que ele estaria dentro.
Tu acreditas que os alunos podem ser multiplicadores do conhecimento do Proerd?
As crianças que estão num contexto mais vulnerável são as que mais se agarram a esse aprendizado, porque elas têm plena consciência do que enfrentam, do que elas passam no dia a dia, e que muitas vezes são crianças que elas só precisam ser escutadas, de alguém para se inspirar. Elas precisam de uma pessoa que acredite nelas, que mostre que existem outros caminhos possíveis e não aqueles que elas já conhecem ou que fazem parte do cotidiano delas. Quando estamos em sala de aula, a gente compreende as crianças e dá voz para que elas possam opinar, falar, possam se abrir no Proerd. Inclusive tem uma caixinha em que elas deixam mensagens de forma anônima e funciona como elo de confiança entre o aluno e o instrutor. Ali tem relatos e até pedido de ajuda, pois foi estabelecido essa confiança. Então elas têm a oportunidade de serem verdadeiros agentes de transformação das famílias e das comunidades.