Em visita ao jornal A Hora do Sul, na última sexta-feira (6), o vice-presidente de Infraestrutura da Federasul, Antônio Carlos Bacchieri, expôs preocupações em relação ao projeto do novo Porto Meridional, em Arroio do Sal, e defendeu investimentos prioritários no Porto do Rio Grande e em obras de integração regional como a duplicação do lote 4 da BR-392 e a reestruturação da segunda ponte sobre o São Gonçalo. Para ele, o desenvolvimento sustentável da Metade Sul depende de visão estratégica e união política entre os municípios.
Porto de Arroio do Sal
Bacchieri afirma que vê “muita dificuldade” na efetivação do novo porto privado previsto para Arroio do Sal. Para ele, a infraestrutura na região é precária, o acesso é ruim e a logística fica próxima demais de portos catarinenses.
Segundo o empresário, o projeto atual parece mais vantajoso para “quem tem terrenos na região e para quem vai construir o porto” do que para o setor produtivo.
Porto do Rio Grande
Em contrapartida, Bacchieri destacou o porto de Rio Grande como o único do Cone Sul com real capacidade de expansão. “O investimento maior já foi feito, que são os molhes da barra. Agora é só ampliar os terminais. Temos espaço, estrutura e capacidade operacional”, afirmou.
Ele defende que, ao invés de novos portos, o foco deveria ser em aproveitar a vocação logística já existente. “Com a ponte entre Rio Grande e São José do Norte, a região se transforma. A Zona Sul se abre para o turismo, moradia e logística. É uma obra estruturante que dobraria o potencial do porto imediatamente”, garantiu.
Lote 4 da BR-392
O trecho conhecido como lote 4 da BR-392, que corta o distrito industrial de Rio Grande, foi apontado por Bacchieri como “obra vital”. Conforme ele, o projeto quase saiu do papel em 2013, quando o então diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), General Frachet, garantiu a realização dos serviços, o que não aconteceu após um pedido da Petrobras para construção de um túnel.
Segundo ele, a mudança custaria quase o valor total da obra e fez com que a iniciativa fosse engavetada. Bacchieri cobrou mais empenho da bancada da região para que essa seja a grande pauta regional.
Reforma da “ponte velha”
A segunda ponte sobre o canal São Gonçalo, entre Pelotas e Rio Grande, também foi citada como obra estratégica. Segundo Bacchieri, o orçamento do projeto está atualmente em análise e sua execução poderá destravar o desenvolvimento da região.
Integração regional
Bacchieri defendeu que Pelotas e Rio Grande atuem de forma conjunta em pleitos estratégicos, entendendo as suas vocações particulares. “Pelotas não precisa desenvolver o seu porto, ele deve seguir de apoio ao porto do Rio Grande, enquanto Rio Grande não precisa ter um grande aeroporto, porque o aeroporto da região está em Pelotas”.
Ele ainda cobrou mais representação política para a Zona Sul. “Com quase um milhão de eleitores entre as duas cidades e região, deveríamos ter no mínimo cinco deputados federais. Mas falta estratégia e união”, afirmou.