O tempo é o inimigo invisível de Lula 3 (PT). A cada dia deixado para trás, mais se aproxima a eleição e menos prazo o governo tem para criar um ambiente tranquilo e estabelecer agendas positivas antes da corrida às urnas. Paralelamente, torce para que novos escândalos não surjam no meio do caminho. A depender da oposição, esta fará de tudo para estender os momentos ruins até 2026. Irá cozinhar em fogo baixo, sem pressa e em busca de pontos suscetíveis a ataques.
A última pesquisa divulgada pela Quaest, desfavorável a Lula, leva naturalmente a um questionamento: se as eleições fossem neste fim de semana, o presidente teria dificuldade para buscar o quarto mandato?
Independentemente das interpretações que cabem ao PT nacional, sobre insistir com o mesmo ou encontrar nomes à sucessão, o fato é que agora, junho de 2025, os números tiram o sono de qualquer coordenador de campanha. O governo tem 57% de desaprovação geral e 66% dos brasileiros são contra uma candidatura à reeleição. Além disso, a desaprovação é maior que a aprovação entre católicos e evangélicos; entre pessoas brancas, pretas e pardas; entre a população de 16 a 59 anos; entre aqueles com Ensino Médio Completo e Superior Completo; entre aqueles que ganham de 2 a 5 salários mínimos ou mais e entre os que vivem na poderosa região Sudeste (64%). Até mesmo entre os beneficiários do Bolsa Família a desaprovação é alta (44%).
A pesquisa da Quaest apresentou o pior índice desde o início do mandato. Percentuais a reboque da fraude no INSS, que atingiu cerca de nove milhões de beneficiários. Diante da falta de ações para impedir o crime, foi inevitável a busca por culpados. Três em cada dez brasileiros apontam o governo como o principal responsável pelo desvio do dinheiro de aposentados e pensionistas. Prato cheio aos adversários. A cereja no bolo da crise chegou com o aumento do Imposto sobre Operação Financeira (IOF) para salvar a arrecadação. A estratégia só piorou um cenário que já era ruim. Se a lição de casa não é bem feita, aumentam-se os impostos e entrega-se a conta à população.
No caso da rejeição dos católicos, o sinal de alerta disparou. Eles somam 119 milhões e representam pouco mais da metade da população brasileira autodeclarada. Já 26,9% se dizem evangélicos no país e 66% deles desaprovam a gestão petista.
O levantamento fortalece números anteriores. Há uma insatisfação generalizada e crescente com Lula 3, que fará 80 anos no mês de outubro e, se reeleito, encerrará seu ciclo em 2030 com 85 anos de idade. A maioria dos consumidores ainda percebe menos poder de compra em relação ao período de um ano atrás, 61% acham que o Brasil caminha na direção errada e 56% que o terceiro período no Palácio do Planalto é pior que os anteriores.
Eleições não são decididas antes de começar. Passam por estratégias dos dois lados. E o Brasil tem exemplos de sobra para ilustrar a frase mais verdadeira na política feita por impulso: não se canta vitória antes da hora. Nesse quesito, o presidente é especialista. Segue no páreo, mas perdeu apoios de setores importantes por uma gestão desgastada e a falta de confiança do mercado. Por isso, a reflexão da manchete é necessária: se as eleições fossem hoje, você apostaria em Lula 4?