O aumento expressivo no número de casos de síndromes respiratórias é uma preocupação em Pelotas. Por isso, no dia 30 de maio a prefeitura decretou situação de emergência em saúde e publicou uma portaria que orienta sobre a etiqueta respiratória em estabelecimentos do ramo alimentício. A normativa considera que o aumento está ligado à transmissão de uma pessoa para outra e através dos alimentos produzidos e comercializados. No mês de maio o número de casos de síndromes respiratórias aumentou em 75% no Pronto Socorro e em 93% na Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
O médico infectologista Hilton Luís Alves Filho, Chefe da Unidade de Vigilância em Saúde do HE-UFPel, acredita que a pouca cobertura de vacinação contra influenza está diretamente ligada ao aumento de casos. “A gente vem acumulando anos de baixa cobertura vacinal para Influenza, além de períodos que intercalam calor e frio. Essa amplitude térmica acaba fragilizando o sistema imunológico”. A vacina está disponível para todos os públicos, mas apenas 57 mil pelotenses procuraram pela imunização.
O que os cidadãos podem fazer para melhorar esse cenário?
Alves Filho enfatiza a importância da vacinação como primeira medida para reversão desse cenário. “Nós saímos da pandemia de Covid-19 por conta da vacinação, não podemos esquecer. Desde que a gente nasce, tomamos vacinas que nos protegem contra doenças muito graves e que matam, então a gente não pode achar que é só uma gripezinha”, afirma.
Além disso, o médico relembra ações que eram muito presentes durante a pandemia e são muito úteis nesse momento:
- Higienize as mãos com frequência;
- Mantenha os ambientes ventilados para evitar a concentração do vírus;
- Ao tossir ou espirrar, cubra a boca e o nariz para inibir que essas partículas se propaguem pelo ar;
- Pessoas com sintomas respiratórios podem usar máscara para evitar a transmissão;
- Evite o compartilhamento de objetos de uso pessoal como copos, talheres e chimarrão.
Precisaremos manter o distanciamento social como na pandemia de Covid-19?
A médica infectologista Danise Senna afirma que o distanciamento ainda não está em discussão. Ela explica que os vírus da Influenza e da Covid-19 possuem comportamentos diferentes. Em 2010 aconteceu uma pandemia de Influenza, mas a mortalidade foi muito menor do que na pandemia do Coronavírus em 2020. “Nós vamos observar como vão evoluir os casos de síndrome respiratória agora nesse ano, que a maioria está sendo por Influenza A e outras medidas serão adotadas conforme e, se necessário”.
Por que é preciso evitar o compartilhamento do chimarrão?
Hilton explica que o vírus da gripe é transmitido por gotículas, micropartículas de saliva que contêm grande concentração do vírus. Quando o mate é compartilhado, a pessoa entra em contato com essas micropartículas e pode ser infectada.
A água quente não mata os vírus e bactérias?
Não. Para que a água mate alguns tipos, não todos, de vírus e bactérias, ela deve estar em ponto de fervura, ou seja, 100ºC. Ingerir qualquer líquido nessa temperatura aumenta o risco de lesões na boca, garganta e esôfago. Dessa forma, a água utilizada no chimarrão não deve chegar nesta temperatura. “O ideal é cada um ter o seu mate individual e a consciência de que se você teve contato com alguém gripado, ou está com um início de sintomas, não participe da roda”.