Entre as 53 instituições de ensino superior do país, somente sete tiveram melhora de desempenho na edição de 2025 do ranking das melhores universidades do mundo. No Rio Grande do Sul, a única a registrar avanço foi a Universidade Federal do Rio Grande (Furg). Conforme a Pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Daiane Dias, o feito reflete o empenho da Furg em fortalecer a instituição, a educação e a pesquisa.
Quais os fatores mais relevantes para o avanço da Furg no ranking?
Um dos principais elementos que contribuíram para essa melhora foi a presença expressiva de docentes da Furg em rankings internacionais de impacto científico, evidenciando o reconhecimento global da produção acadêmica da instituição. Paralelamente, a universidade tem registrado um crescimento consistente na produção científica qualificada, com aumento tanto no volume de publicações quanto na relevância e impacto desses trabalhos na comunidade científica internacional.
A qualidade do corpo docente também tem sido um diferencial, com professores premiados e amplamente reconhecidos por sua atuação acadêmica e científica, o que reforça a avaliação positiva da instituição nesses critérios.
Qual o papel da pesquisa na formação dos alunos?
A pesquisa desempenha um papel essencial na formação dos alunos, contribuindo de maneira decisiva para o desenvolvimento de competências intelectuais, acadêmicas e profissionais.
Ao se envolverem em atividades de pesquisa, os estudantes passam a exercer um papel ativo em sua formação, deixando de ser apenas receptores de conhecimento para se tornarem produtores de saber. Esse processo estimula a curiosidade científica, o pensamento crítico, a capacidade de resolver problemas e a autonomia intelectual, além de proporcionar uma compreensão mais profunda dos conteúdos aprendidos em sala de aula.
A pesquisa também favorece o desenvolvimento de habilidades como a análise de dados, a argumentação fundamentada, a escrita científica e o trabalho em equipe, competências valorizadas tanto no meio acadêmico quanto no mercado de trabalho.
Ao participarem de projetos de pesquisa, os alunos têm a oportunidade de vivenciar o método científico, refletir sobre questões relevantes para a sociedade e contribuir para a produção de conhecimento em sua área de estudo, fortalecendo o compromisso social da universidade. Assim, a pesquisa não apenas complementa o ensino, mas constitui um eixo formativo fundamental para a construção de uma formação crítica, ética e comprometida com a transformação da realidade.
Quais são as dificuldades enfrentadas na educação superior perante a investimentos restritos?
A recente necessidade de reitores se deslocarem a Brasília para negociar a liberação de recursos evidencia um cenário de instabilidade orçamentária que compromete o planejamento, a continuidade de projetos estratégicos e o funcionamento cotidiano das universidades públicas.
Na Furg, essas restrições orçamentárias afetam diretamente áreas vitais como ensino, pesquisa, extensão, inovação, infraestrutura e assistência estudantil. A imprevisibilidade nos repasses enfraquece a capacidade institucional de atrair e manter talentos, de ampliar suas ações de inclusão e de responder com agilidade às demandas locais, especialmente em regiões vulneráveis onde a presença da universidade é um vetor de transformação.
Avaliar essa realidade é reconhecer que o financiamento adequado da educação superior não é um gasto, mas um investimento estratégico para o desenvolvimento do país, e que a autonomia universitária precisa ser respeitada e fortalecida com previsibilidade, compromisso público e políticas estruturantes. Pontualmente, do ponto de vista da pesquisa, importantes projetos acabam sendo postergados ou executados com limitações, o que prejudica não apenas a formação dos estudantes, mas também o impacto social da universidade.
Qual o papel e o impacto da pesquisa para além das portas da universidade?
Para quem ainda não compreende plenamente o papel da pesquisa na universidade e na sociedade, é fundamental dizer que o investimento em ciência é, acima de tudo, um investimento no futuro. A pesquisa desenvolvida nas universidades públicas, como a Furg, está diretamente conectada às necessidades reais da população: ela gera soluções para problemas locais e globais, impulsiona a inovação tecnológica, fortalece políticas públicas e contribui para o desenvolvimento sustentável.
Muitos dos avanços que hoje fazem parte do nosso cotidiano — desde vacinas e medicamentos até tecnologias ambientais, energias renováveis e sistemas de produção de alimentos mais eficientes — nasceram em laboratórios universitários, por meio de projetos que contaram com financiamento público.
