Os pelotenses Danielle Lima, 34, e Fabiano Jorge Macedo, 39, deixaram o medo de lado e estão realizando o sonho de viajar pelo mundo. Durante essa viagem, que já está no terceiro ano, o casal compartilha todas as experiências pelos perfis no Instagram e no YouTube @oquedernamochila.
Quando surgiu essa ideia de sair viajando pelo mundo?
Sempre quis viajar, mas acreditava que era necessário muito dinheiro. Em 2015, eu trabalhava no Polo Naval em Rio Grande, mas fiquei desempregada. Nós dois somos engenheiros mecânicos e nessa época o Fabiano morava em Florianópolis para o mestrado. Fui morar com ele, comecei a procurar emprego e estudar para concursos. No tempo livre adorava ler os blogs de viagem. Nessa fase, conheci pessoas que tinham uma realidade muito próxima a nossa e “largaram tudo” viajar, o que despertou minha curiosidade e me motivou a buscar mais informações sobre esse estilo de vida. Depois, descobri o perfil de uma mulher que fez uma viagem de dois anos e iniciou um projeto para ajudar outras pessoas que tinham esse desejo. O tempo passou e em 2017 ela fez um workshop em Porto Alegre onde o Fabiano se convenceu de que era possível, dentro da nossa realidade, fazermos a nossa tão sonhada viagem. Após oito anos de planejamento, partimos em março de 2023 tendo a Tailândia como destino inicial.
O que vocês sentem que mudou em vocês mesmos nesse tempo de viagem?
As mudanças são muito sutis, elas acontecem no dia a dia, mas uma coisa que eu ressalto é o conhecimento. Aprendemos tanta coisa que às vezes nem nos damos conta. Por outro lado, é engraçado, porque a gente percebe cada vez mais que não sabe nada. Outra coisa que eu diria é que o normal não existe. O que chamamos de normal é extremamente relativo. É simplesmente uma questão de ser diferente e aceitar as diferenças. Também aprendemos a deixar um pouco o controle, viver mais o hoje e tentar se livrar dessa ideia de que o futuro é garantido ou de que a gente controla alguma coisa no futuro. Nós passamos por muitos países pobres e percebemos que eles têm uma felicidade genuína, mesmo vivendo com tão pouco. A gente fica correndo atrás de dinheiro, uma casa melhor, o carro do ano e acaba sempre estressado, nunca tem tempo pros amigos e reclamando. Conhecendo outras culturas percebemos que podemos aprender a viver com menos e ser mais felizes. Esse é um exercício diário.
Que conselho vocês dão para quem quer viajar pelo mundo como vocês?
Primeiro, eu acho que eu falaria sobre coragem. O que a gente tá fazendo é realmente incrível. Eu não desmereço a nossa coragem de seguir em frente e realizar isso. Mas acredito que as pessoas pensam que coragem é não ter medo. A questão para você ter a coragem de realizar um grande sonho como esse não é não ter medo mas entender os medos, que são muito válidos e não deixar que eles impeçam a realização desse sonho. Ao longo da viagem, a gente viu que muitos desses medos estavam mais na nossa cabeça mesmo. A gente se adapta às coisas. Por exemplo, a gente não fala inglês fluente, essa era uma preocupação, mas conseguimos nos comunicar tranquilamente e agora já melhoramos muito nesse aspecto. A gente vendeu tudo que tinha e hoje temos a confiança de que se conquistamos uma vez, a gente conquista de novo. O importante agora é que estamos vivendo um grande sonho e certamente essa vai ser a história das nossas vidas. Com certeza vão ser três anos que vão reverberar pela vida inteira. Tudo que a gente aprendeu, viveu, as memórias, todo o conhecimento que a gente adquiriu vai reverberar pra vida inteira.