Joziane Luz não mediu forças para mudar de vida. Chegou com antecedência ao local do mutirão “Emprega Pelotas”, montou uma barraca e passou a noite na fila para ser uma das primeiras atendidas na feira do último sábado (31). E o resultado foi positivo. A ligação tão esperada veio no primeiro dia útil desta semana e, após os exames médicos na terça-feira (3), na quarta (4) ela começa oficialmente a trabalhar na Biscoitos Zezé.
Há quase um ano desempregada, a mulher de 43 anos acumula experiências em várias áreas, como culinária, atendimento, vendas e serviços gerais. Mesmo assim, diante da falta de uma oportunidade concreta, ela decidiu dar tudo de si por uma nova chance. “Foi nessa intenção que fui, de barraca mesmo, para garantir que seria atendida. E graças a Deus, consegui. Só tenho a agradecer a todos os envolvidos e à empresa que me acolheu”, comemora.
Cada um dos perrengues de dormir na rua durante uma madrugada fria valeu a pena depois da conquista do emprego, conta Joziane. Ela relembra com carinho a experiência vivida na calçada do ginásio do Sesi. “Nunca tinha acampado para participar de uma seleção de emprego. Foi algo totalmente novo, uma experiência que vou levar para o resto da vida. E conheci muita gente na mesma situação, com histórias parecidas, outras bem diferentes. Foi emocionante”, relata.
Aprendiz da vida e acostumada a não fugir dos desafios, ela se fortaleceu e criou preparo para situações como essa. Nesse sentido, até aquilo que conquista tem um gosto diferente. “O mais importante é que a vaga já é minha”, afirma.
Balanço de empregos sai na quinta-feira
Em reunião marcada para esta quinta, as mais de 40 empresas que ofereceram os postos de trabalho no Emprega Pelotas farão um balanço das contratações efetivadas. Dessa forma, se terá uma noção mais clara do real alcance da ação e seu impacto em carteiras de trabalho assinadas.
Avaliação positiva
De toda forma, mesmo na ausência dos dados que comprovam a eficiência do evento, a coordenadora do Sine de Pelotas, Evanir Bartz, avalia o impacto da primeira edição do mutirão como “positivo em todos os sentidos”. Ela acredita que ações desse tipo ajudam a mobilizar a população e a criar um ambiente mais acolhedor para quem está atrás de trabalho.
“Quando a pessoa vem até o Sine, não encontra vaga na sua área e vai embora, muitas vezes não volta no dia seguinte. Um evento como esse tem o poder de atingir pessoas de todos os perfis e áreas, além de oferecer uma estrutura diferente, com acesso direto ao RH das empresas”, avalia.
Por outro lado, embora a feira tenha potencializado o movimento, Evanir diz que o Sine já atende diariamente um número significativo de pessoas em busca de trabalho. Para ela, o público surpreendente que esteve presente no ginásio do Sesi não se resume apenas a desempregados, pois o evento oferecia outras atrações, como brinquedos e água quente para chimarrão. “Muitas famílias foram passar o dia. As crianças brincavam enquanto os pais aproveitavam para buscar emprego”, relata.
Apesar do grande volume de candidatos atendidos no sábado, o movimento no Sine não diminuiu na segunda-feira. Ainda no evento, a unidade móvel do Sine fez um trabalho de orientação sobre as vagas que continuam sendo ofertadas pelo serviço, e esclarece: são vagas distintas das que foram oferecidas no evento pelas empresas.
A coordenadora reforça que o Sine segue oferecendo suporte e orientação para quem ainda não conseguiu uma colocação no mercado. A recomendação é que as pessoas não desistam. “Hoje pode não ter vaga na sua área, mas amanhã pode surgir. Temos contato direto com várias empresas e realizamos frequentemente entrevistas aqui mesmo, em uma sala reservada para isso”, afirma.
