Conta de luz fica mais cara em meio à onda de frio na região Sul

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Conta de luz fica mais cara em meio à onda de frio na região Sul

Reportagem traz dicas de como reduzir o consumo de energia elétrica

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Conta de luz fica mais cara em meio à onda de frio na região Sul
Patamar da bandeira deve ter nova elevação em julho. (Foto: Agência Brasil)

A chegada da frente fria na região Sul intensificou a rotina de cobertores, aquecedores e banhos quentes, conforto que vai pesar ainda mais no bolso dos consumidores a partir deste mês. Com a ativação da bandeira vermelha patamar 1, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) passou a cobrar um adicional de R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos nas contas de energia elétrica.

O principal motivo está na redução significativa no volume de água dos reservatórios da região Sul do Brasil, que atualmente operam com cerca de 35,69% da capacidade, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A escassez de chuvas compromete a geração hidrelétrica, principal fonte de energia do país, e obriga o acionamento de usinas termelétricas, que têm um custo maior de produção.

A Energia Natural Afluente (ENA), que mede o potencial de geração das hidrelétricas com base na água que chega aos reservatórios, está abaixo da média em todas as regiões do Brasil. No Sul, estima-se que a ENA alcance apenas 86% da média histórica esperada para junho, agravando o cenário. Caso a situação hidrológica não melhore, a Aneel pode elevar ainda mais o custo da energia, ativando a bandeira vermelha patamar 2 em julho — o que significaria um adicional de R$ 7,87 a cada 100 kWh.

Inflação também deve subir

O aumento no custo da energia elétrica já acendeu o alerta entre economistas e consumidores. Para o professor e economista Gabrielito Menezes, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), a energia elétrica tem um peso de aproximadamente 4,5% no cálculo do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), principal indicador de inflação do país.

“A bandeira vermelha deve pressionar o índice em 0,2 a 0,3 pontos percentuais em junho. Se avançar para o patamar 2, o efeito inflacionário pode chegar a 0,4 a 0,5 pp, com risco de repasses para outros preços, como alimentos e serviços”, alerta.

Para ele, a situação representa um desafio para famílias, empresas e para a política monetária do país. “Estamos falando de contas mais altas em um momento em que a inflação ainda não está totalmente controlada. Isso pressiona as expectativas inflacionárias e pode limitar futuros cortes na taxa básica de juros, a Selic, pelo Banco Central”, observa.

Além do impacto imediato, Menezes aponta que o cenário atual reforça um alerta estrutural. “A dependência do Brasil nas termelétricas e as crises hídricas recorrentes mostram a urgência de ampliar investimentos em energias renováveis”, afirma.

Consumo dispara com o frio

Com temperaturas mínimas abaixo dos 10°C em Pelotas e outras cidades da região, a população intensificou o uso de aquecedores, ar-condicionado e chuveiros elétricos, justamente os aparelhos que mais consomem energia. O resultado é um aumento expressivo no consumo doméstico, justamente no momento em que o custo por quilowatt-hora está mais alto.

“No inverno geralmente são os meses que nossa conta de luz dobra”, comenta Renata Rodrigues, 55, moradora do bairro Fragata. “Ligamos o aquecedor só de noite e a família toda toma banho quente. Fica difícil economizar com esse frio”, afirma.

Como economizar

Diante da alta nos custos, o Grupo CEEE Equatorial reforça a importância do uso consciente da energia elétrica. Segundo a concessionária, é possível economizar no consumo em pequenas ações diárias, como trocar lâmpadas fluorescentes por modelos led, desligar equipamentos em stand-by e ajustar corretamente a temperatura da geladeira.

O uso de chuveiros e aquecedores de forma racional também é recomendado, além de preferir a luz natural sempre que possível. “Cada quilowatt economizado faz diferença no final do mês, especialmente em um cenário de tarifas mais altas”, alerta a empresa.

Dicas para economizar no consumo de energia

  • Lave roupas na capacidade máxima da máquina – sempre que possível, utilize a carga máxima recomendada pelo fabricante e opte por ciclos econômicos. Assim, você aproveita melhor o equipamento e reduz o consumo;
  • Aproveite a luz natural – abra as cortinas durante o dia para iluminar os ambientes sem acender lâmpadas;
  • Tome banhos mais curtos – cada minuto a menos no banho pode fazer diferença na conta de luz. Exemplo: Um chuveiro de 7.500 W na posição “inverno” consome, em média, R$ 0,12 por minuto;
  • Escolha eletrodomésticos mais eficientes – prefira sempre os que têm Selo Procel/Inmetro – Categoria A, pois são mais econômicos e consomem menos energia;
  • Troque lâmpadas antigas por led – lâmpadas led consomem até 80% menos energia e duram muito mais;
  • Use aquecedores e ar-condicionado com cuidado – em dias frios, ligue o ar-condicionado ou estufas apenas o tempo necessário para aquecer o ambiente e evite abrir portas e janelas durante o uso. Isso ajuda a manter a temperatura agradável por mais tempo;
  • Ajuste a potência da geladeira – nos dias mais frios, como no inverno do Sul do Brasil, diminua a potência (ou ajuste a temperatura) da geladeira, pois a diferença térmica entre o ambiente e o interior do refrigerador é menor;
  • Desligue os aparelhos da tomada quando não estiverem em uso – mesmo no modo stand-by, eles continuam consumindo energia.

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